FABRE D'OLIVET (TANNER) – DA LÍNGUA HEBRAICA, COMPARADA COM O CHINÊS E O SÂNSCRITO
ATFO
O hebraico contido no *Sépher* é o idioma puro dos antigos egípcios. (…) É a língua de um povo poderoso, sábio, religioso; de um povo contemplativo, profundamente instruído nas ciências morais, amigo dos mistérios; de um povo cuja sabedoria e cujas leis foram justamente admiradas. Essa língua, separada de seu tronco original, afastada de seu berço pelo efeito de uma emigração providencial cujo relato é desnecessário no momento, tornou-se o idioma particular do povo hebreu; e semelhante ao ramo frutífero que um hábil agricultor, tendo transplantado para um terreno preparado propositadamente, faz frutificar muito tempo depois que o tronco esgotado do qual saiu desapareceu, ela conservou e trouxe até nós o precioso depósito dos conhecimentos egípcios.
Mas esse depósito não foi entregue aos caprichos do acaso. A Providência, que quis sua conservação, soube bem colocá-lo a salvo das tempestades. O livro que o contém, coberto por um triplo véu, atravessou o torrente dos séculos, respeitado por seus possuidores, desafiando os olhares dos profanos, e nunca sendo compreendido senão por aqueles que não podiam divulgar seus mistérios.
Feita essa observação, voltemos atrás. Disse que o chinês, isolado desde seu nascimento, partindo das mais simples percepções dos sentidos, chegou, de desenvolvimento em desenvolvimento, às mais altas concepções da inteligência. É o contrário do hebraico: esse idioma, separado, totalmente formado de uma língua que atingira sua mais alta perfeição, inteiramente composto de expressões universais, inteligíveis, abstratas, entregue nesse estado a um povo robusto, mas ignorante, caiu em suas mãos de degeneração em degeneração, e de restrição em restrição, até seus elementos mais materiais; tudo o que era espírito tornou-se substância; tudo o que era inteligível tornou-se sensível; tudo o que era universal tornou-se particular.
O sânscrito, mantendo uma espécie de meio-termo entre os dois, já que era o resultado de uma língua acabada, enxertada em um idioma informe, desdobrou-se inicialmente com uma admirável rapidez; mas, depois de ter, como o chinês e o hebraico, lançado seus frutos divinos, não pôde reprimir o luxo de suas produções: sua espantosa flexibilidade tornou-se a fonte de um excesso que acabou por provocar sua queda. (…)
Mas essa língua exibe nos Vedas uma Riqueza econômica. É ali que se pode examinar sua flexibilidade nativa e compará-la à rigidez do hebraico, que, fora a amalgama da *Raiz* e do *Signo*, não sofre nenhuma composição; ou à facilidade que o chinês deixa a suas palavras, todas monossilábicas, de se reunirem sem jamais se confundir. As principais belezas deste último idioma residem em seus caracteres, cuja combinação simbólica oferece como que um quadro mais ou menos perfeito, conforme o talento do escritor. Pode-se dizer, sem metáfora, que eles pintam o discurso. É apenas por seu intermédio que as palavras se tornam oratórias. A língua escrita difere essencialmente da língua falada. Esta tem um efeito muito medíocre e, por assim dizer, nulo; enquanto a primeira transporta o leitor, apresentando-lhe uma série de imagens sublimes. Os caracteres sânscritos nada dizem à imaginação, e o olho que os percorre não lhes presta a menor atenção; é à feliz composição de suas palavras, à sua harmonia, à escolha e ao encadeamento das ideias que esse idioma deve sua eloquência. O maior efeito do chinês é para os olhos; o do sânscrito, para os ouvidos. O hebraico reúne as duas vantagens, mas em menor proporção. Originário do Egito, onde se usavam ao mesmo tempo os caracteres hieroglíficos e os literais Clem. Alex., Strom., L. V., Hérodot., L. II, 36., ele oferece uma imagem simbólica em cada uma de suas palavras, embora sua frase conserve em seu conjunto toda a eloquência da língua falada.
