CRISTOLOGIA

NESTEIA

Evangelho de Jesus: Mt 15:32; Mt 17:21; Mc 8:3; Mc 9:29; At 27:9; At 27:33. CITAÇÕES DOS PADRES DA IGREJA

Ysabel de Andia: Mystiques d'Orient et d'occident

Resumindo sua experiência, ISAQUE de Nínive diz: Recolhi em mim a experiência de tantos anos, e na provação e pela graça de Deus, aprendi isto: dois modos constituem o fundamento de todos os bens, a lembrança da alma fora do cativeiro que lhe impôs o inimigo, e a via que conduz para a luz e a vida: se recolher em um só lugar e sempre jejuar.

Quer dizer se redobrar sobre si mesmo com sabedoria e prudência à regra da temperança e da imobilidade, na busca e na meditação contínuas de Deus. É por aí que se alcança a submissão dos sentidos. Por aí que se adquire a vigilante sobriedade do intelecto. Por aí que se acalmam as paixões selvagens que se levantam no corpo. Por aí que nos vem a doçura dos pensamentos. Por aí que a reflexão se faz luminosa. Por aí que se pode conceber o que há de mais alto e de mais fino… Por aí que se vê com acuidade e penetração as coisas que estão longe… Para tudo dizer em uma palavra, é por aí que se alcança à liberdade do homem verdadeiro, à alegria da alma e à ressurreição com o Cristo no Reino TRATADOS MÍSTICOS XXVI). O homem inteiro, em seu corpo e sua alma, seu intelecto, seus pensamentos e sua reflexão, transformou-se pelo jejum contínuo e pelo recolhimento em um só lugar, condições de tantos benefícios.

Donde a injunção final:

Não larguemos o lugar de nossa hesychia. Não busquemos pretextos e meios de sair do deserto.

E a beatitude do hesicasta:

“Bem-aventurado o homem que, por Deus, persevera na hesychia e come só seu pão.” Roberto Pla: Evangelho de Tomé - Logion 6

Admissão de duas dimensões no trata da questão do jejum, assim como no tocante à esmola, a oração e a alimentação. A primeira delas denominada “manifesta”, se define por expressar um sentido moral e a segunda, relacionada em todos estes casos com os modos de conhecimento, consiste em uma referência mais ou menos figurada a uma posição concreta anterior.

A exegese cristã estudou preferencialmente tais matérias do ponto de vista da esfera manifesta, moral, lidando com o comportamento, pouco tratando dos matizes de estudo quanto à segunda esfera de entendimento, muito mais recôndita e que podemos chamar “oculta” por aparecer quase sempre sob a capa manifesta da primeira.

No tocante à esfera oculta da questão do jejum e dos demais temas ascéticos (oração, esmola, alimentação), o Evangelho de Tomé reservou seu tratamento ao Logion 14. Mas a regra de ouro predicada pelo evangelho mesmo, neste sentido, se resume à autenticidade, à vida interior, isto é, em um comportamento isento de segundas intenções hipócritas e mentirosas (vide Fariseus).