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SCRIMA HESICASMO

ANDRÉ Scrima — A TRADIÇÃO HESICASTA

A Tradição Hesicasta: um caminho cristão-ortodoxo de contemplação

Apresentação do contexto histórico onde surge a Philokalia em 1782. Coleção de textos da tradição cristã, organizados por Nicodemos Hagiorita (1749-1809) e Macário de Corinto (1731-1805), que tinha como subtítulo “Coleção dos santos néticos (aqueles que alcançaram o despertar), modelo eminente da vida ativa, guia para contemplação”.

A atemporalidade do Hesicasmo, centrado na unidade, longe da confusão tanto das experiências e doutrinas espirituais (“O intelecto (nous), imóvel como o eixo dos céus, observa de um centro as profundezas do coração”). Sua revelação em um momento propício — kairos, tempo secretamente consumido — da cristandade, reflete-se em seu nome grego hesychia cuja raiz kathezestai corresponde ao latim sedere, estar assentado, fixado: uma estabilidade que implica, por um lado em concentração como caminho, e por outro, em acesso ao centro como lugar (ou não-lugar) de paz e silêncio (duas outras noções ligadas a hesychia).

Estas noções de hesychia podem ser ainda associadas as noções de Eckhart na expressão “Wesen ist Schweigen” e nas noções ligadas a Yesod e Metatron relativas a doutrina da Árvore Cabalística. Da mesma forma quando S. Bernardo pronuncia a frase Solus sedet Deus, uma intuição hesicasta é expressa na Idade Média Ocidental. A tradição hesicasta é, portanto, uma tradição no sentido do que S. Basílio define de tradição como “instrução secreta, tácita e misteriosa que nossos padres observavam em silêncio, restringindo-se de qualquer curiosidade”.

A tradição hesicasta insiste sobre a questão do método methodos), acompanhar, seguir um percurso, caminho ordenado — enquanto caminho além do conhecimento ordinário, segundo uma tradição (paradosis), termo que por sua raiz grega exclui riscos de ruptura, pois indica o ato e a maneira de transmissão e seu real conteúdo.

A noção de apophasis permeia este caminho do Deus vivo, indicando um estilo, uma intenção essencial a qual se unem símbolos que buscam o não conceitual nas referências ao Divino. O termo apophasis define negação, um ir além de categorias e palavras, e assim se apresenta como o outro lado da moeda, a kataphasis, a afirmação que se encontra na estrutura de todas as línguas, mesmo nas proposições negativas. As referências ao divino são assim “negativas” com o uso do prefixo alpha privatium — atheatos, akatonomastos, aperiliptos — ou com o uso do prefixo hyper: hyperrarrhetos, hypertheos, hyperagathos (vide Dionísio Areopagita). Deus encontra-se na “noite supereesencial” onde apenas o nous elevando-se pode identificar-se e unir-se em sua Divindade.

A “experiência apofântica vivida”, o nous (intelecto), enquanto faculdade cognitiva-contemplativa, na paz e no silêncio da hesychia, deixa para traz todo vestígio de percepção, imaginação e intelecção. A ênfase em “purificação do coração” e em “liberação das paixões” (apatheia) dá o tom deste esforço espiritual.

A deificação (theosis) culmina um árduo labor espiritual na permanente lembrança e invocação da Prece de Jesus (Kyrie Eleison), afirmada nas condições necessárias da experiência apofântica.

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