MORTE ACOMPANHAMENTO FAMILIAR
Jean-Claude Larchet — A vida após a morte segundo a Tradição ortodoxa
O momento da morte
A provação da vinda da morte
Importância do acompanhamento familiar e eclesial
Nesses momentos de inquietude é muito importante contar com o apoio de familiares, se possível realizando esta passagem em seu ambiente familiar, e não em hospitais.
Dois ofícios eclesiais aportam prece e graça nesta assistência: o Ofício de intercessão aos agonizantes e o Ofício de intercessão da Mãe de Deus antes da separação da alma do corpo.
O primeiro comporta a recitação dos Salmos 69/70 e 142/143, adaptados às circunstâncias.
O primeiro e segundo ofícios comportam também um canône em 9 odes, composto por Teodoro Studita que fala do temor daquele que morre, em comparecer diante do tribunal do Cristo, e Lhe demanda que o poupe na hora do julgamento, perdoando desde já seus pecados. Na prece que se segue, o padre demanda a Deus que a separação da alma e do corpo, que vai acontecer seja, de fato, para aquele que morre “a separação da alma das ligações com a carne (sarx) e o pecado (hamartia)” e que sua alma seja acolhida por Ele na paz. Outra prece demanda a Deus que “é o repouso de nossas almas e de nossos corpos”, que “transforme em repouso a separação da alma e do corpo” daquele que agoniza, e também que o livre “destes sofrimentos intoleráveis, de sua cruel doença”.
O segundo ofício deve ser recitado diante de um agonizante que já não pode mais falar, confiando à Mãe de Deus todos os riscos nessa jornada e demandando veementemente seu socorro. “Um grande temor, um indescritível tremor tomou minha alma agora: ela está atormentada pela dor, neste momento de separação de meu corpo. Virgem pura, vem consolá-la!” “A ruptura das ligações, a anulação das leis da composição natural e de toda minha constituição corporal provocam em mim a angustia de intoleráveis tormentos. (…) Dirija sobre mim teu olhar do alto do céu, ó Mãe de Deus, queira neste momento, em tua compaixão, descer para me visitar a fim de que, te vendo, eu saia de meu corpo com alegria”. “Ela me tomou desprevinido, a noite da morte, tenebrosa e sem lua, me enviando sem preparação sobre este caminho distante e terrível; Mãe de Deus, que teu amor seja meu companheiro de caminho!”.
