PUECH LOGION 101
Logion 101 — Henri-Charles Puech
- A tendência é particularmente clara a destacar a figura e a pessoa de Jesus de toda condição temporal ou sensível, de todo compromisso com o devir — um devir que é tanto “gênese” quanto “geração”, tanto genesis quanto gennesis. - O dito é inteiramente fundado sobre o contraste radical que, se confundindo com aquele da Vida e da Morte, opõe entre eles a paternidade divina, a origem celeste de Jesus e, por outro, lado, sua origem, sua paternidade humana e terrestre. - Esta última é renegada, pelo menos detestada e repudiada, posto que, conforme um lugar comum que resume um dos Extratos de Teodoto (80,1), “aquele que a mãe engendra é levado à morte e no mundo”; dito de outro modo, kosmos sendo sinônimo de thanatos como é de phthora: Quem é posto no mundo (“jogado” no mundo), “o Filho da Mulher” ou “das mulheres”, é por isso mesmo prometido, necessariamente conduzido à morte, condenado a morrer. - A geração celeste ou espiritual é, ao contrário, vivificadora, procura a Vida, permite de aí aceder e de aí retornar, faz do Eleito aquele para quem ela é “regeneração”, anagennesis — um “Vivente”. - Nenhuma hesitação a respeito deste “Pai” e desta “Mãe” que Jesus tem, à exclusão de São José e de Maria, por seus pais “verdadeiros”, os únicos que são dignos de seu amor. - O Pai só pode ser Deus, o “Deus Vivo” do qual “Aquele que não foi parido da mulher” se proclama a princípio o Filho e que denomina “seu Pai”. - Quanto à Mãe, ela corresponde ao Espírito Santo, ao Espírito, ruah sendo feminino em semita e a assimilação frequente nos meios judaico-cristãos. - O Evangelho dos Hebreus, citado por Orígenes e por Jerônimo, onde Jesus precisa: “minha Mãe, o Espírito Santo” - Os Espirituais (monachos), segundo Aphraates escreve: “O homem, enquanto não se casa, ama e honra Deus seu Pai e o Espírito Santo sua Mãe”. - No Evangelho de Filipe: a Verdade, a aletheia, assimilada à Mãe dos homens livres e impecáveis e o Conhecimento, a gnosis, a seu Pai. - Vide Logion 44; Logion 28
