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GONDAL (MGTP) – TRÊS MEIOS DE PURIFICAÇÃO E DE MORTE (MADAME GUYON)

- Apresentação de Marie-Louise Gondal do *Três meios de purificação e de morte* de Madame de Guyon (MGTP)*

O segundo texto oferecido ao leitor é extraído de uma cópia editada por Poiret e da qual não se conhece autógrafo. Não é propriamente um “tratado”. Poiret o classifica no gênero “discurso” e o publica, em 1716, em uma coletânea intitulada *Discours chrétiens et spirituels sur divers sujets qui regardent la vie intérieure, tirés la plupart de la Sainte Écriture* (em Colônia, chez Jean de la Pierre, na realidade: Amsterdã, disc. n° 13).

Essas páginas correspondem a “fragmentos”, “pensamentos” ou mesmo “ensaios” inspirados na Escritura, de difícil classificação, que escapavam da pena da autora, diz Poiret, “seja a pedido de algumas almas piedosas, seja por simples inclinação em que o autor se encontrava de vez em quando para descarregar no papel a plenitude de seu coração” (Prefácio, p. 6-7). Chegados às mãos do editor, “de diversos lugares e por diversos meios”, apresentavam-se como “peças separadas, sem título nem ordem”. Conservamos aqui o título desse fragmento na edição realizada por Poiret: *Três meios de purificação e de morte*, contentando-nos em tornar mais aparente a estrutura do texto com alguns subtítulos.

Por que esse texto, vindo após o tratado do purgatório? Porque testemunha uma semelhança e um deslocamento em relação ao primeiro. Semelhante: ele também trata da purificação interior. Diferente: a abordagem situa-se em outro registro de linguagem e talvez de experiência. As fontes escriturísticas são discretas, embora presentes. Os nomes cristãos de Deus são raros. As representações do purgatório estão ausentes. Em contrapartida, é uma antropologia espiritual que Mme Guyon propõe aqui, analisando três grandes modalidades da purificação em todo homem confrontado com o mistério de sua própria vida e de seu cumprimento: a fome, o sofrimento, o amor.

Esse fragmento não exprime todo o pensamento de Madame de Guyon sobre a purificação. Pareceu-nos, no entanto, particularmente significativo da abordagem que é a sua. Ao repatriar em parte para o hoje de nossa existência terrestre a purificação radical que conduz à união divina, é também a universalidade e a credibilidade da espiritualidade cristã que ali se manifestam. Todo ser humano que vive profundamente a fome, o sofrimento e o amor — que não faltam a nenhuma existência um pouco consciente de si mesma — é convidado a entrar em um mistério de justiça e amor que assim se coloca ao seu alcance. Longe de ser alienante, como poderia ser um discurso sobre o além que, se falta a fé, parece favorecer a fuga da própria vida, o discurso aqui apresentado surge como seu duplo “crível”, um discurso sobre si que é, inseparavelmente, um discurso sobre o outro de si, mistério soberano e soberanamente respeitoso.

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