NOTHOMB SEGUNDO RELATO 2,5
Paul Nothomb — O SEGUNDO RELATO
Gen 2,5 E que nada não brotava nem germinava ainda sobre a terra árida e desolada onde ainda não tinha feito chover, sem o homem (adam) que visava aí instalar nenhum cultivo do solo (adama) que derivaria ainda não se temia.
Este versículo como o seguinte rompe com o estilo narrativo habitual da Bíblia. O sujeito das frases principais aí precede o Verbo em lugar de o seguir, e o conjunto se situa fora do tempo, em uma espécie de condicional onde Deus antes de passar ao ato parece meditar sobre suas eventuais consequências. Segond traduz «Nenhum arbusto dos campos ainda não estava sobre a terra, e nenhuma árvore dos campos ainda não germinava, pois o Eterno Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e aí não havia homem para cultivar o solo». Em hebreu esta última frase é nominal e o «nada havia» de Segond é um verbo negativo significando «ausência» 'YN (ayn). A ausência de homem está no centro desta sequência e leva a ausência de toda «realidade» quer dizer uma crosta terrestre árida, análoga ao Tohu-Bohu do primeiro relato, e que não é evidentemente questão de cultivar. A «Adama» que aqui faz irrupção no texto se relaciona ao «adam» que Deus tem em projeto e o verbo que Segond traduz por «cultivar» (CBD) quer a princípio dizer «render um culto» e é sempre o caso nas 98 ocorrências que se encontra na Bíblia onde é seguido como aqui da partícula do complemento direto 'T. A palavra «adama» designará mais tarde o solo cultivado e cultivável. Nos relatos, seu emprego antecipado (e sempre negativo) é evidentemente alegórico. O perigo que exprime a última frase (literalmente «nenhum adam para render culto à adama») é bem aquele da auto-idolatria.
