NOTHOMB SEGUNDO RELATO 2,4
Paul Nothomb — O SEGUNDO RELATO
Gen 2,4 Eis como se produziu a degenerescência da Realidade, em favor da liberdade de sua Criação.
«Eis as origens dos dois e da terra quando foram criados» traduz Segond. Mas a palavra hebraica TWLDWT («toledot») formada sobre a raiz YLD quer dizer «descendência, posteridade, geração» noções associadas à Queda e não à origem, pelo menos no que concerne o Homem Criado fora das espécies. A expressão totalizante «os céus e a terra» significa, no meu entendimento, como em Gen 1,1 e Gen 2,1 «a Realidade» da origem. O hebreu «BHBR'M» é o infinitivo passaivo do Verbo BR' (criar) precedido da preposição B instrumental e seguido do sufixo pronominal que ao invés de «quando foram criados» deve ser traduzido, me parece, como o proponho aqui. Em relação à Realidade, esta relembrança de sua Criação é uma relembrança de sua dimensão de liberdade que permitiu ao Homem negá-la e de provocar sua «geração» quer dizer no contexto sua degenerescência.
PRÓLOGO
Quando Deus teve a intenção de fazer uma «realidade».
«Quando Deus fez uma terra e céus» traduz Segond. Mas em hebreu o verbo está no infinitivo precedido da preposição B, um pouco como em Gen 1,1 com o verbo «Cria» e não «fazer» como aqui (B é seguido em Gen 1,1 de «princípio» e aqui de «dia» mas a indicação sintática é a mesma). Nos dois casos a ação do verbo não é dada como cumprida mas incoativa ou projetada.
A expressão que Segond traduz por «uma terra e céus» reproduz na ordem inversa e sem determinação aquela da frase precedente que traduzo por «a Realidade». Esta sugere uma «realidade» mais vaga e ao inverso, correspondendo bastante ao caráter geral do verbo «fazer» em oposição à especificidade de «Criar».
