NOTHOMB SEGUNDO RELATO 2,17
Paul Nothomb — O SEGUNDO RELATO
Gen 2,17 Quanto à Árvore do Conhecimento total (aquela da Realidade) tu dela não comerás em a lesando, em a amputando, pois no dia em que tu comeres em a lesando, em a amputando, morrerás certamente.
Esta famosa «ordem» à qual o Homem teria desobedecido causando a perda de toda humanidade não é em nada uma interdição mas uma cautela, uma advertência contra um passo em falso que o ameaça a sua revelia, ignorando tudo da morte. Deus também ignora tudo da morte, mas se não é omnisciente, tem muito mais imaginação que o Homem. Ele o previne solenemente de não destruir a Realidade maravilhosa na qual vive tentando dela separar o conhecimento desta vida plena justamente, que simboliza cada uma das árvores do jardim. Pois o que distingue de todas as outras árvores aquela da qual é questão aqui, é que carrega em suas folhas, em seus frutos o Conhecimento total, em hebreu HD'T TWB WR' (pronunciada «hadaat tov wara») que lhe está apegado por todas as suas fibras. Com esta prodigiosa excrescência ele forma «a Árvore do Conhecimento total» em hebreu C(TS) HD'T TWB WRC (pronunciado «ets hadaat tov wara»). «Comer» de uma tal árvore não tem de todo a mesma significação que comer de todas as outras, anônimas. É lesá-la, é amputá-la, e com isto a Realidade que simboliza o conjunto de seu «nome de código».
Esta noção de lesar, de amputar é expressa no texto pela repetição, que tem o ar redundante, da preposição MN (pronunciada «minn») sob sua forma pronominal sufixada MMNW (pronunciada «mimme-nou») depois de cada emprego do Verbo «comer» cada vez que se trata desta árvore, enquanto para as outras árvores esta repetição, que significa literalmente «fora dela» falta.
E esta cautela completa perfeitamente o convite feito ao Homem de usufruir de todos os prazeres e de todas as belezas que Deus põe a sua disposição no jardim. Ele deve absolutamente evitar destruir — e esta destruição se chama a morte — a Realidade do jardim. Ora sua liberdade lhe permite…
Notemos que estas palavras que o relato põe na boca de Deus representam bem suas «últimas recomendações concernentes ao Homem». Certamente na «Bíblia das Origens» ele fará outras recomendações a Caim, a Noé, e mais tarde a Abraão, etc., quer dizer a homens. Mas elas não terão absolutamente o mesmo porte. — LEO SCHAYA — CRIAÇÃO EM DEUS
Mas não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal (cujo fruto é o dualismo, a separação espiritual entre ti, Deus e todas as coisas), pois o dia que tu dela comerás, morrerás da morte (da separação de com o Uno)».
