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NOTHOMB CRIAÇÃO RELATO 21

Paul Nothomb — RELATOS DA CRIAÇÃO

Gen 1,21 E «Deus» Criou os grandes crocodilos e todos os animais rastejantes que fervilham as águas segundo suas espécies e toda «passarada» alada segundo sua espécie. E «Deus» viu que (isso era) bom.

O emprego muito parcimonioso do Verbo BR', Criar, neste relato dito da Criação em Seis dias é um dos traços mais significativos e menos notados. Contrariamente a nossas línguas, o hebreu não tem nenhuma repugnância em utilizar várias vezes em seguida a mesma palavra, se é esta que convém. Ora depois de sua dupla valorização no início do texto, do qual as três primeiras letras evocam suas três consoantes, que encontramos isoladas na unidade gráfica que segue e que representa o primeiro verbo da primeira proposição da Bíblia BR', Criar sofre do versículo 1 ao versículo 21, o nosso, um eclipse total. Deus, propriamente falando, não Cria nem a luz do dia nem a noite, nem céu, nem a terra, nem a vegetação, nem os astros, nem o tempo, nem o espaço. Além do mais ele os «pensa», os nomeia, os faz, os aprova no curso dos quatro primeiros «dias». Mesmo com Deus por sujeito, estes verbos não são absolutamente sinônimos de BR', Criar. Não somente porque BR' não pode ter por sujeito senão Deus, o que não é o caso, mas sobretudo porque eles podem ter outros objetos que o seu, que lhes é qualitativamente inacessível. Impossível. Pois se em hebreu o que é Criado o é sempre pelo Criador, o que ele Cria é sempre inaudito, sem precedente, sem Medida comum com o que já existe e certamente não reproduzível. No princípio, é o que denominei a Realidade («o céu e a terra») que Deus Cria progressivamente na cabeça do Homem para liberá-lo, ele e o universo, da inextricável confusão do Tohu Baho eterno. É então a organização de seu espírito, as condições de seu pensar, as categorias «passivas» do tempo e do espaço que se juntam na ideia de movimento. Mas do movimento ele também passivo. Esse do reino vegetal como do reino animal. Esse das partículas elementares da matérias como dos organismos vivos, desprovidos que seja de um embrião de cérebro, e que, «browniano» ou periódico, frenético ou ondulatório, não é jamais, no grande jamais espontâneo. E não pode se tornar por ele mesmo, no termo de uma evolução, seja ela Criadora. Eis porque os «grandes crocodilos» são aqui subitamente honrados, mais do que foram a luz, o tempo, o espaço, etc.. Mais que os astros majestosos, mais que a vegetação luxuriante. Os maiores (logo no topo na classificação bíblica) dos primeiros animais são o objeto nomeadamente de uma nova Criação. Complemento de objeto direto do segundo verbo BR' do relato, que separa qualitativamente o reino mineral como o reino vegetal do reino animal que inauguram o quinto «dia». Para ser tão pouco que seja autônomos, capazes de escapar (ou não) a obstáculos surgindo diante deles de maneira imprevisível, para suscitar na cabeça do Homem a primeira ideia concreta desta coisa maravilhosa e inapreensível que chamaríamos «liberdade», os peixes e os pássaros devem ser Criados, e não simplesmente «produzidos». E Deus aprova em seguida sem exame, nem verificação.

Logo não há fase de pôr em obra como os dias precedentes. Esta Criação é apresentada como instantânea e plenamente executória. A liberdade que Cria não é analisada, mesmo se ela não é aqui global, e limitada à liberdade de movimento.

E pela primeira vez também o texto vai fazer falar Deus em discurso direto.

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