NOTHOMB CRIAÇÃO RELATO 4
Paul Nothomb — RELATOS DA CRIAÇÃO
Gen 1,4: E «Deus» viu que a luz (era) boa, e «Deus» separou a luz da obscuridade.
Literalmente “E Deus viu a luz que boa”. Em cinco outras ocasiões na sequência do relato, a mesma fórmula sem a menção da luz retornará para aprovar a obra completada. “E Deus viu que isto era bom” traduzem nossas bíblias. O hebreu é mais sóbrio “E Deus viu que bom” a cópula estando subentendida e sem o valor temporal que a “concordância dos tempos” lhe dá obrigatoriamente em português. Mas este “satisfecit” Divino não intervém senão depois de certas verificações e operações complementares. Aqui é imediato. Deus declara de pronto boa (e bela, a mesma palavra em hebreu) a luz. Mas em a separando da “obscuridade” — citada acima como um elemento do «tohu-bohu» — dá sentido e existência a esta obscuridade até aí sem contorno, a faz entrar de certa maneira no campo da luz em a iluminando, e mostra assim que esta designa, ao invés da inteligência que a distingue, a consciência que integra. A consciência global que caracteriza a Realidade perfeita que Deus Cria — aparentemente por etapas — no cérebro do Homem da origem.
