SAINT-MARTIN (SMTN, XV) – SER

“Aqueles cuja cabeça e corpo são desprovidos de membros ofensivos e defensivos; aqueles cujo pescoço é tão grosso, que *ele* forma, por assim dizer, um só com o corpo, esses, digo, são *Seres* os menos puros, os menos regulares, e ao mesmo tempo os mais prejudiciais ao homem; pois são aqueles cujo sangue *se* dirige com mais abundância para a parte superior: e para conservar a linguagem da *Lei* hebraica, *seu* sangue está materialmente sobre *sua* cabeça, ora, o uso frequente de tais carnes não deixaria de operar o mesmo desarranjo no equilíbrio de *nossos* líquidos: é então que os sulfuros grosseiros, dos quais *nossa Natureza* busca *se* purgar, refluem sobre o *nosso Ser*, e obstruem todos os órgãos.” Quadro natural…: XV

“Nenhum *Ser* é, sem dúvida, mais interessado que o homem em evitar esse terrível efeito, porque o *assento* de *seu Princípio* sendo desarranjado, o *Princípio* mesmo pode sofrer desse desarranjo.” Quadro natural…: XV

Se, negligenciando a atividade própria ao *seu Ser*, *ele* *se* deixa dominar por essa *envolvente* sensível e tenebrosa, *ela* toma um império mais ou menos forte e durável, segundo os direitos que *ele* *lhe* cedeu por *sua* fraqueza, por *suas* inclinações ou por *suas* satisfações. Então *seu* fogo é sufocado ou sepultado, por assim dizer, sob esse *véu* obscuro, e o homem em *sua* morte *se* encontra como confundido com as ruínas de *sua* forma corporal: esses *destroços* mesmo devendo permanecer *empilhados* sobre *ele*, enquanto *ele* não sentir renascer no centro de *sua* existência, nada suficientemente vivo para quebrar e destruir os laços que o prendem à região inferior dos corpos. Quadro natural…: XV

Que será então se o homem inteiro for *abrasado* por esse fogo superior: *ele* aniquilará até os menores vestígios de *sua* matéria; não se encontrará nada de *seu* corpo, porque *ele* não terá deixado nada de impuro. Semelhante a esses *Eleitos* que, ao fim de *sua* carreira, pareceram *se* elevar às *Regiões* celestes em carros luminosos, os quais não eram senão a explosão de uma forma pura, mais natural ao *nosso Ser* do que é *nossa envolvente* material, e que nunca deixamos de ter, apesar de *nossa* junção com a matéria. Quadro natural…: XV

Observemos, pois, que, mesmo que *se* encontrassem ainda vários inexplicáveis, por qualquer causa que seja, isso não deveria diminuir em nada, aos olhos dos homens sensatos, o mérito dos fatos cujas relações com o *nosso Ser*, e com a natureza das coisas, são da mais perfeita evidência. Quadro natural…: XV

Acrescentemos de antemão que, sendo tudo relativo ao homem aqui na Terra, era pelo próprio homem que este sacrifício deveria se operar; os sacrifícios de animais tendo apenas secundariamente a faculdade de manifestar a glória do grande *Ser*. O homem sozinho na natureza tem o direito de *lhe* oferecer tributos que *lhe* sejam dignos: mas estando hoje na extremidade da cadeia dos *Seres*, *ele* *se* eleva sucessivamente por *seu* intermédio: colocando a descoberto as *virtudes* dos *seres* mais inferiores, *ele* pode ascender às *virtudes* que os dirigem, e chegar por essa progressão até uma força viva que o coloque em posição de cumprir *sua Lei*, ou seja, de honrar dignamente *seu Princípio*, apresentando-*lhe* oferendas sobre as quais estejam impressos os caracteres de *sua* grandeza. Quadro natural…: XV

Talvez com essa atenção já *se* teria conseguido desvendar o *véu*. Pois pode ser que a espécie de animal sacrificado fosse o sinal físico da faculdade que *lhe* corresponde; e que a quantidade ou o número de vítimas fosse a expressão alegórica dessa mesma faculdade, que o *Sacrificador* buscava combater, se *ela* fosse má; que *ele* se esforçava, ao contrário, para obter do *Ser* soberano, se *ela* fosse pura; ou enfim, da qual *ele* *lhe* rendia homenagem, quando *ele* a havia obtido. Quadro natural…: XV