Se quisermos uma prova ainda mais completa da relação dos signos sensíveis com os nossos pensamentos, a tiraremos do estado atual do nosso Ser, e da lei violenta que o *subjuga*. Pois, se é *evidente* que não podemos receber nada no intelectual senão pelo sensível, e que, no entanto, não duvidamos que o intelectual do homem tenha recebido, como recebe todos os dias, pensamentos, *resulta* que esses pensamentos tomaram uma modificação sensível, antes de chegar até ele; *resulta*, em suma, que essa *modificação* ou esse signo sensível existe *invisivelmente* ao nosso redor, perto de nós, assim como a *fonte dos pensamentos*; e que, se em vez dos pensamentos *secundários* que recebemos dos homens, nos *elevássemos* até os pensamentos vivos e primitivos, *hauridos* em sua *própria* fonte, eles seriam *necessariamente* precedidos dos signos análogos e vivos que lhes pertencem, como os *signos grosseiros* e *convencionais*, tais como a *escrita* e a *palavra*, precedem para nós os pensamentos que os homens nos comunicam. Quadro natural…: XI
De acordo com esses princípios, assim como a criança que começa a crescer, começa também a *perceber*, embora *obscuramente*, os objetos que a *cercam*; da mesma forma, aquele que pelos primeiros progressos de suas faculdades intelectuais, estaria em estado de começar a *receber* pensamentos, poderia *perceber* de maneira *incerta*, os signos que os *representam*; mas esses pensamentos e esses signos se *aperfeiçoando* *proporcionalmente* com a idade, como suas faculdades físicas, o *crescimento natural* de seu Ser intelectual, o *conduziria* ao ponto de ser *favorecido* de pensamentos *vivos*, *justos*, *extensos*, e de receber também o signo análogo; isto é, um signo completo de regularidade, com traços tão *perfeitos* e tão *acabados* que ele o tomaria por um homem *realizado*, por um Agente *superior*, por um Ministro da Divindade; como o homem ao sair da infância *reconhece* *visivelmente* como homens, os agentes sensíveis que *aliviaram* suas primeiras *necessidades*, e aqueles de quem ele tem a *existência* e a *vida*. Quadro natural…: XI
Mas se o homem *representa* todos os dias a mesma verdade sob *imagens* e *quadros* *variados*, não seria *de se estranhar* que os diversos homens escolhidos para servir de Colunas ao Edifício, tivessem recebido o conhecimento dos *grandes* fatos e das *grandes* verdades por *signos diferentes*, e sob *relações* que não *oferecessem* todos os mesmos caracteres, como vemos que as Línguas só se *multiplicaram* e *diversificaram* porque cada Povo considerou o mesmo Ser sob uma *face* e uma1 *acepção particular*. Quadro natural…: XI
É por isso que, entre os *antigos Povos*, as tradições falam de uma *idade de ouro*; de *Gigantes*; de *Titãs*; da *usurpação do fogo celeste* e do *trono da Divindade*; da *cólera do Pai dos deuses* contra os *prevaricadores*; dos diversos *padecimentos*2 que estes *experimentam* na Terra e nas diferentes Regiões do Universo; das *virtudes* *espalhadas* sobre os *mortais pios* e *fiéis*, a quem as Divindades mesmas concedem seus *favores*; e da *esperança* que elas os *admitirão* a *felicidades* ainda maiores, se *observarem* a lei de seu Princípio, e que *saibam* *respeitar* seu Ser. Quadro natural…: XI
Embora os Sábios instruídos pelas *virtudes superiores*, e os Discípulos instruídos pelos Sábios, tenham obtido *essencialmente* os mesmos conhecimentos e os mesmos resultados, eles não receberam, no entanto, cada um as grandes luzes e os grandes traços da História universal do homem, senão sob os signos e os quadros que lhes eram particularmente *análogos*; porque, se é *verdade* que todos os homens têm o mesmo Ser quanto à *essência*,3 é também *certo* que há entre eles uma variedade universal de dons, de *faculdades*, de *maneira de apreender os objetos*; e a Sabedoria, ao enviar *fisicamente* aos homens seus *presentes*, *adapta-se* sempre a essas diferenças. Esses Sábios e esses Discípulos, ao comunicar as mesmas coisas, tê-lo-ão feito cada um apenas *em conformidade* com a ideia que seus *dons particulares* lhes permitiam tomar delas. Quadro natural…: XI
Mas todos esses erros anunciam igualmente a ideia e o conhecimento de um Ser soberano; pois se a ideia de um Deus não fosse *análoga* à nossa Natureza, nunca nem os objetos de nossas afecções *sensíveis* nem a própria *instrução* dos Agentes *superiores* a teriam feito *nascer*, nem no espírito dos *instituidores*, nem no dos outros homens. Do mesmo modo, se um homem nunca tivesse conhecido *sensivelmente* nenhum objeto *superior* e *digno* de suas *homenagens*, ele não teria podido *engendrar* a Idolatria soberana criminosa, já que, para ser verdadeiramente *Idólatra*, não somente é preciso começar por conhecer um Princípio Divino, mas ainda é preciso tê-lo conhecido de maneira a não poder *ignorar* que lhe é devido um *culto puro* e *legítimo*. Quadro natural…: XI
Assim, quando nos *enchemos* de *admiração* pelas beleza naturais, de *veneração* por *heróis*, de *ternura* por um *amigo*, ainda estamos *longe* da Idolatria, e nunca *atribuiríamos* a nenhum Ser *inferior*, nem os nomes, nem os títulos que pertencem à Divindade, se a ideia da perfeição suprema não tivesse sido *anteriormente desenvolvida* em nós, seja em natureza, seja pelo *exemplo* e pela *instrução* mesmo *alterada* de nossos *educadores* e daqueles que nos *rodeiam*. Quadro natural…: XI
E mesmo, quando nos *esquecemos* a ponto de *divinizar* homens ou objetos *puramente terrestres*, não são eles que *elevamos* realmente à qualidade de Deus, eles são *demasiado fracos* e *demasiado enfermos* para nos *induzir* a uma *verdadeira* idolatria, mas é a majestade do nosso Ser que fazemos *descer* do ponto de *elevação* onde o exemplo e a instrução a haviam *levado*, e que *deixamos* *repousar* sobre objetos *inferiores*; é este Ser que sabendo que está *destinado* a *prestar homenagem* e a *contemplar* a Divindade Suprema, *rebaixa-se* para os Seres que estão *abaixo* dela, e os toma como o *termo* de sua *adoração*. Quadro natural…: XI
Aqueles que *adoraram* o Sol, e aqueles que *gostariam* de *anunciar* o *culto* como o mais *natural* porque o objeto está mais *próximo* de nós, não *destroem* o princípio que exponho. Os Povos que exerceram o *culto do Sol* só *chegaram* a essa *idolatria*4 por uma *alteração* de um culto mais *sublime*; e basta para se *convencer* disso *confrontar* sua *antiguidade* com a dos Povos que *adoraram* o Ser *invisível*. As tradições Chinesas *anunciam* um *culto puro* e *esclarecido* nessa Nação, *muito antes* do *estabelecimento* do *culto do Sol* em qualquer outra Nação da terra. Quadro natural…: XI
Quanto àqueles que pretendem justificar essa idolatria material, eles *fecham os olhos* para a natureza do homem, não veem sequer que um semelhante culto não pode *satisfazê-lo* por muito tempo; porque o homem, sendo um Ser *ativo*, *precisa* orar, *concorrer* para a obra que deseja operar, e que o Sol *cumpre* *regularmente* suas funções para conosco, sem que *ajamos*, e sem que seja *necessário* que lhe *dirijamos* preces: porque o homem é *destinado* por sua origem a *exercer* uma função sagrada, que o coloca em *correspondência* com seu Princípio; enfim, porque o homem, assim como todos os Seres, só pode *comprazer-se* com Seres nos quais *reconheça* sua *semelhança*, e que o Sol, por mais *majestoso* que seja, não tem uma *verdadeira* similitude com o homem. Quadro natural…: XI