FABRE D'OLIVET (TANNER) – ORIGEM DIVINA DA PALAVRA

ATFO

Segundo *Court-de-Gébelin*, a origem da palavra é divina. Só um Deus poderia ter dado ao homem os órgãos necessários para falar; só Ele poderia inspirar-lhe o desejo de utilizar esses órgãos; só Ele poderia estabelecer entre a palavra e essa multidão maravilhosa de objetos que ela deveria representar essa relação admirável que anima o discurso, que o torna inteligível a todos, que faz dele uma pintura de uma energia e verdade inconfundíveis. “Como”, exclama esse estimável escritor, “como se pôde desconhecer aqui o dedo do Todo-Poderoso? Como se pôde persuadir que as palavras não tinham nenhuma energia por si mesmas? Que não tinham nenhum valor que não fosse convencional, e que poderia ser sempre diferente? Que o nome do cordeiro poderia ser o do lobo, e o nome do vício o da virtude?”

É preciso, de fato, estar possuído pelo espírito de sistema para admitir tais ideias; e, sobretudo, permanecer numa singular ignorância dos primeiros elementos da linguagem para pretender, com *Hobbes* — pois é dele que todos os nossos sábios modernos tiraram essa opinião —, que não há nada que não seja arbitrário na instituição da palavra.