FABRE D'OLIVET (TANNER) – O CARÁCTER CONSIDERADO COMO SIGNO

ATFO

Sim: se não estou enganado pela fraqueza de meu talento, mostrarei que as palavras que compõem as línguas em geral, e as da língua hebraica em particular, longe de serem lançadas ao acaso e formadas pela explosão de um capricho arbitrário, como se tem pretendido, são, ao contrário, produzidas por uma razão profunda; provarei que não há uma só que não se possa, por meio de uma análise gramatical bem feita, reconduzir a elementos fixos, de uma natureza imutável no fundo, embora variável ao infinito nas formas.

Esses elementos, tais como podemos examiná-los aqui, constituem essa parte do discurso à qual dei o nome de *Signo*. Eles compreendem, como disse, a *voz*, o *gesto* e os *caracteres traçados*. É aos *caracteres traçados* que vamos nos dedicar; pois a voz se extinguiu e o gesto desapareceu. Eles nos fornecerão sozinhos um assunto bastante vasto de reflexões.

Segundo o judicioso escritor que já citei, sua figura não é arbitrária. *Court-de-Gébelin* prova, por numerosos exemplos, que os primeiros inventores do *Alfabeto literal*, fonte única de todos os alfabetos literais atualmente em uso na terra, e cujos caracteres eram inicialmente apenas dezesseis, tiraram da própria natureza a forma desses caracteres, relativamente ao sentido que queriam lhes atribuir.

O *som* e o *movimento*, postos à disposição da *Vontade*, são por ela modificados; isto é, que, com o auxílio de certos órgãos apropriados a esse efeito, o som é articulado e transformado em *voz*; o movimento é determinado e transformado em *gesto*. Mas a *voz* e o *gesto* têm apenas uma duração instantânea, fugaz. Se importa à vontade do homem fazer com que a lembrança das afecções que manifesta externamente sobreviva às próprias afecções — e isso quase sempre lhe importa —, então, não encontrando nenhum recurso para fixar ou pintar o som, ela se apodera do movimento e, com a ajuda da mão, seu órgão mais expressivo, encontra, à força de esforços, o segredo de desenhar na casca das árvores ou de gravar na pedra o gesto que primeiro determinou. Eis a origem dos *caracteres traçados*, que, como imagem do gesto e símbolo da inflexão vocal, se tornam um dos elementos fecundos da linguagem, estendem rapidamente seu império e apresentam ao homem um meio inesgotável de combinação. Não há nada convencional em seu princípio; pois *não* é sempre *não*, e *sim* sempre *sim*: um homem é um homem. Mas, como sua forma depende muito do desenhista, que primeiro experimenta a vontade de pintar suas afecções, pode introduzir-se nela bastante arbitrariedade, e ela pode variar o suficiente para que seja necessária uma convenção a fim de assegurar sua autenticidade e autorizar seu uso. Por isso, nunca é senão no seio de uma população avançada na civilização e submetida às leis de um governo regular que se encontra o uso de qualquer escrita. Pode-se estar certo de que, onde estão os *caracteres traçados*, aí também estão as formas civis. Todos os homens falam e comunicam suas ideias, por mais selvagens que sejam, desde que sejam homens; mas nem todos escrevem, porque não há nenhuma necessidade de convenção para o estabelecimento de uma linguagem, enquanto sempre há para o de uma escrita. (*Histoire philosophique*)