ATFO
- Há apenas um Verbo* NT: Em hebraico, aquele que Fabre traduz por: *ser-sendo*..
As palavras às quais geralmente se dá o nome de verbos não são senão substantivos animados por esse único verbo, e direcionados ao fim que lhes é próprio: pois é aqui o caso de observar que o verbo, ao comunicar aos nomes a vida verbal que possui, não muda sua natureza interna, mas apenas os torna vivos da vida cujos princípios já traziam em si. Assim, a chama comunicada a toda substância combustível não queima apenas como chama, mas como substância inflamada, boa ou má, conforme sua qualidade intrínseca (…).
O *Verbo* em si mesmo é imutável. Não conhece número nem gênero; não sofre nenhum tipo de inflexão. É mesmo alheio às formas, ao movimento “O movimento é ativo ou passivo.” e ao tempo, enquanto não sai de sua essência absoluta e enquanto o pensamento o concebe independente de toda substância. *Ser-sendo* pertence tanto ao masculino quanto ao feminino, ao singular quanto ao plural, ao movimento ativo quanto ao passivo; exerce a mesma influência sobre o passado como sobre o futuro; preenche o presente; é a imagem de uma duração sem origem e sem fim: *Ser-sendo* preenche tudo, compreende tudo, anima tudo.
Mas nesse estado de imutabilidade absoluta e universalidade, é incompreensível para o homem. Enquanto age independente da substância, o homem não o apreende. É apenas ao revestir-se da substância que se torna sensível. Nesse novo estado, perde sua imutabilidade. A substância que o reveste transmite-lhe quase todas as suas formas; mas essas mesmas formas que ele influencia adquirem modificações particulares, através das quais um olho treinado ainda distingue sua inflexível unidade. (*Histoire philosophique*)