FABRE D'OLIVET (TANNER) – A PALAVRA É UMA GRANDE ÁRVORE...

ATFO

Ah! Se a palavra fosse uma Arte mecânica, uma instituição arbitrária, como afirmaram *Hobbes* e antes dele *Górgias* e os sofistas de sua escola, teria ela, pergunto, essas raízes profundas que, saindo de uma pequena quantidade de *signos* e confundindo-se de um lado com os próprios elementos da natureza, lançam do outro essas imensas ramificações que, coloridas de todos os fogos do gênio, invadem o domínio do pensamento e parecem atingir até os limites do infinito? Vê-se algo semelhante nos jogos de azar? As instituições humanas, por mais perfeitas que sejam, tiveram alguma vez essa marcha progressiva de ampliação e força? Qual é a obra mecânica que, saída das mãos dos homens, possa se comparar a esse olmo altivo cujo tronco, sobrecarregado agora de ramos, dormia outrora enterrado num germe imperceptível? Não se sente que essa árvore poderosa, que primeiro, frágil fio de erva, mal perfurava o solo que ocultava seus princípios, não pode, de modo algum, ser considerada como a produção de uma força cega e caprichosa; mas, ao contrário, como a de uma sabedoria esclarecida e constante em seus desígnios. Ora, a *palavra* é essa árvore majestosa. Como ela, tem seu *germe*; como ela, lança suas *raízes*, em pequeno número, numa natureza fértil cujos elementos são desconhecidos; como ela, rompe seus laços, se eleva; escapa às trevas terrestres; se lança em regiões novas onde, como ela, aspirando um elemento mais puro, saciada de uma luz divina, estende seus ramos e os cobre de flores e frutos. (*Histoire philosophique*)

Mas, talvez, objetar-me-ão que essa aproximação, que não poderia me ser contestada para o hebraico, cujos desenvolvimentos sucessivos demonstro irrefutavelmente, se limita a essa língua, e que seria em vão que tentaria o mesmo trabalho para outra. Respondo a isso que essa objeção, para ter alguma força, deveria ser afirmativa, como minha prova o é, em vez de ser negativa; isto é, que, em vez de me dizer que eu não faria, seria preciso fazer; seria preciso demonstrar-me, por exemplo, que o francês, o latim ou o grego são constituídos de maneira a não poderem ser reconduzidos a seus princípios, ou, o que é a mesma coisa, aos *signos* primordiais sobre os quais repousa a massa das palavras que os compõem; coisa que nego absolutamente. A análise desses idiomas, bem o sei, é tanto mais difícil quanto são mais compostos e mais afastados de sua origem; mas, por ser difícil, essa análise não é impossível.