Philokalia — SANTO ANTÃO
Segundo Jacques Lacarrière (Les hommes ivres de Dieu), por ter ensinado ou revelado aos homens os poderes da ascese e da solidão, Santo Antão sofreu portanto a regra comum dos pioneiros da aventura humana: certos historiadores do século XIX — alemães em grande parte — viram nele, em sua vida e suas tentações, um mito e nada de mais. Tese excessiva, certamente, mas que permite iluminar, a respeito da Vida de Antão, certas evidências que, sem ela, passariam desapercebidas.
Para Ysabel de Andia, Mystiques d'Orient et d'Occident, Antão é um idiotes (a idioteia é um dos caracteres da vida apostólica; ela é um sinal da origem divina do testemunho apostólico), mas um “espírito são” (o nous hygiainei = mens sana et in proprieta constituta) e seu grande juízo (synesis = sapientia ou intellectus) faz a admiração dos filósofos gregos que o procuram. Sua linguagem é “temperada de um sal Divino”, o sal da sabedoria.