ANTICRISTO
Bernard McGinn: ANTICRISTO — DOIS MIL ANOS DE FASCINAÇÃO HUMANA COM O MAL Anticristo {IFRAME(src=“http://rcm.hyperlogos.com/e/cm?lt1=_blank&bc1=000000&IS2=1&bg1=FFFFFF&fc1=000000&lc1=0000FF&t=filosofia0b-20&o=1&p=8&l=as1&m=amazon&f=ifr&md=10FE9736YVPPT7A0FBG2&asins=0231119771” style=“width:120px;height:240px;” scrolling=“no” marginwidth=“0” marginheight=“0” frameborder=“0”)}{IFRAME} Em viradas de século e ainda mais de milênios exacerba-se a preocupação com o fim do mundo e o papel que um agente humano maligno desempenhará neste evento. McGinn acompanha a noção de Anticristo de suas origens judaico-cristãs até os dias atuais, alertando sobre a violência potencial que acompanha esta crença, quando puramente literal.
Reconhecendo que a noção de Anticristo foi formulada de uma combinação de mito, história e lenda, McGinn demonstra como o Anticristo serviu a necessidade humana de compreender a persistência do mal no mundo. Com raízes no Judaísmo do Segundo Templo — período de distúrbios religiosos e políticos — a noção de Anticristo desenvolveu-se da crença em forças humanas e angélicas malevolentes.
Seguindo a lenda do Anticristo através do Cristianismo Primitivo até sua ampla disseminação na Idade Média tardia e século XVI, McGinn explora a evolução da noção através dos séculos que a revestiram de detalhes. Mostra como atormentou a imaginação popular tanto na forma de identificação com indivíduos, como Nero, Napoleão, Hitler e outros, como de grupos, como Judeus, hereges, muçulmanos, sempre sendo percebido como fonte de ameaças sociais. O resultado é uma história fascinante da origem, sentido e finalidade da lenda do mal humano.
Excertos:
Jerônimo Bosch: Excertos traduzidos do livro de Ernst Merten, “Hieronymus Bosch”
Epifania
No retábulo de Bosch, “Altar da Epifania — Adoração dos Reis Magos”, não chama atenção diretamente o evento no painel central mas a quietude que paira e toca o espectador. Da mesma forma, diferentemente dos quadros sobre o tema, não se assiste da esquerda para direita o desenrolar cronológico do evento. Graças a uma perspectiva comum do plano de fundo geral da obra, as duas abas laterias participam certamente do evento central mas é sobretudo a atitude dos personagens pintados sobre estas abas que levam o espectador a concentrar seu olhar sobre o tema mesmo desta composição. Estes personagens são os doadores comandatários do retábulo.
Um aspecto intrigante da representação de Bosch, da “Adoração dos Reis Magos”, e que vem causando muito debate é quem seria o quarto Rei representado à porta da cabana onde teria nascido Jesus. Alguns defendem que seria Adão, o primeiro homem, em sua dignidade de grande sacerdote. Se referindo a uma tradição judia, ele faz lembrar os três títulos que Deus conferiu a Adão: Rei, Sacerdote e Profeta. Três passagens na literatura judaica são significativas: “E Deus disse: Eu sou o rei do mundo do alto e Adão é o rei do mundo de baixo”. Adiante: “Adão é o primeiro homem nascido no centro da terra e quando rendeu homenagem a Deus por sua oferenda, revestiu os hábitos de grande sacerdote”. E finalmente: “O dia que Deus criou Adão, escreveu para ele em seu livro tudo que ele ia engendrar até o Dia da Ressurreição”. Resta o objeto em sua mão esquerda em sua representação como “quarto rei”, que parece indicar a tiara do grande sacerdote.
Outra interpretação, que nos interessa aqui em especial, é que este “quarto rei” seria a personificação do Anticristo, sob os traços do Messias. Em certas passagens das cartas de São João e na revelação do Apocalipse, o Anticristo é designado como o “Contra-Cristo”, como o grande adversário e contraditor do Cristo a serviço de Satã e que tenta destruir em seu nome toda a cristandade. Sua aparição anunciaria o fim próximo da humanidade mas deveria ser finalmente vencido pelo Cristo. A representação do Anticristo na Arte não é uma invenção de Bosch. Encontra-se em obras dos século XV, XII e mesmo XI onde se revestiu de todos os aparatos reais e faz até mesmo os gestos que o Cristo. Sob os traços do Messias, Bosch o representa, com coroa de espinhos com flores e brotos, traços de um homem, revestido de manto vermelho, coberto de abcessos e feridas pois tomou as doenças e sofrimentos dos homens.
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