“Assim como o nosso sol, de fato, sem reflexão nem intenção, mas por força de seu próprio ser, ilumina tudo o que está em condição de, segundo a proporção que convém a cada um, participar dessa luz — assim também ocorre com o Bem (pois ele ultrapassa o sol, como ultrapassa uma imagem imprecisa do arquétipo transcendente considerado em sua própria substância). E é a todos os seres que, proporcionalmente às suas forças, ele distribui os raios de sua total bondade.
É a esses raios que todas as essências, todas as potências e todos os atos devem sua subsistência, sejam inteligíveis ou inteligentes. É por eles que existem todos os seres que possuem uma vida indestrutível e inalterável, todos aqueles que escapam à morte, à matéria e ao devir, todos aqueles que estão além da mutação instável, fluida e sempre geradora de novas diversidades, todos aqueles que, incorpóreos e imateriais, são apenas objeto de intelecção, e que, sendo inteligentes, possuem uma intelecção que não é deste mundo, pois conhecem por iluminação as razões próprias de todos os seres…
E é porque tendem para o Bem em si que existem e prosperam, e é porque se moldam a ele tanto quanto lhes é possível que assim tomam a forma do Bem”, diz o Pseudo-Dionísio em Os Nomes Divinos (IV, § 1; Obras, p. 94).