HPAS
No momento, nenhuma certeza, nenhuma vida nova brota dessa crise religiosa. Em Pádua, onde termina seus estudos, de 1647 a 1649, ele é apenas um estudante entre os outros, de modo algum isolado da vida universitária, participando, dentro da “nação germânica” que agrupava os estudantes alemães, de uma revolta dos “*novitii*” contra os mais velhos, obtendo seu doutorado em medicina e filosofia em 9 de julho de 1648, de forma tão brilhante que superou até as esperanças que uma superioridade intelectual já reconhecida havia dado a seus mestres. Ele obteve o grau de doutor “com as mais altas honras particulares, do que tenho testemunhas que ainda vivem”, como ele lembrará mais tarde com orgulho. No entanto, se ele escreve na mesma época, no álbum de um camarada, “*Mundum pulcherrimum nihil*”, não é um sinal de que toda essa glória universitária já o cansou? O jovem doutor que retorna a Breslau, após seis anos de ausência, parece pronto para ocupar seu lugar entre o patriciado da cidade. Ele tem a tristeza de ver morrer sua irmã Magdalena, casada, jovem e de saúde frágil com um médico envelhecido, Tobias Brückner, e que sem dúvida viveu a mesma existência monótona e dolorosa que sua mãe. Mas é seu cunhado quem lhe consegue o posto de médico do duque de Oels, apesar de sua extrema juventude e sua falta de prática médica. São as “honras principescas” que se abrem para ele, mas sua ambição não é comum. Ele leva para Oels um mundo de problemas interiores, perscrutados com o ardor nervoso e a penetração intelectual das dificuldades que lhe são próprias. Mais do que sua profissão, a busca religiosa absorverá em Oels a rica inteligência que seus anos de universidade despertaram. E para dirigir seu caráter hesitante, seu espírito flexível, ele encontrará em Oels seu grande amigo, Abraham von Frankenberg. Já, em sua juventude, revelou-se o traço dominante de sua natureza: ele compreende admiravelmente o que estuda, seu espírito é de uma vivacidade extraordinária, mas ele precisa, fora de si, de um apoio moral, um amigo que o guie, um exemplo a seguir. Sozinho, ele se esgota em especulações, hesita e permanece incerto. Ele é intelectual, mas muito apaixonado por perfeição para se contentar com as alegrias puras do espírito. Sua amizade com Frankenberg é o primeiro passo em um caminho doloroso que o levará, do pensamento audacioso e solitário, à humildade da ação nas fileiras da Igreja militante.