Paul Nothomb — RELATOS DA CRIAÇÃO
A tripla afirmação da Criação do Homem desmente que Deus projetou, nem por instante, de o «fazer», de o «fazer fazer» como as «espécies» e as categorias que o precedem nas cronologia dos Seis dias. «Ficando bem entendido que esta cronologia é uma ficção didática e que estas espécies e estas categorias fazem parte da Realidade já Criada na cabeça do Homem, e isso desde o «princípio», antes que o Homem tome plenamente consciência aqui de sua tripla Criação.)
O triplo «Criou» que funda a natureza do Homem se analisa com efeito em três fases, cuja a principal é a primeira. A segunda lhe parece equivalente em francês, mas é um erro. Em hebreu o Verbo de uma ocupa o lugar do complemente da outra, e vice vera, é como um duplo invertido em um espelho. A segunda reflete portanto a primeira posto que ela vem em seguida. Se na primeira pode se dizer que o Homem é Criado, a princípio a sua revelia, «em si» na imaginação de Deus, na segunda é «para si» em tomando consciência à maneira de um espelho subitamente iluminado do interior. Enfim a última fase situa o Homem todavia «no exterior de si» na ordem biológica ao qual não pertence senão por associação.
Encontram-se paralelos destas três fases, marcando os três nives da natureza do Homem, no segundo relato da Criação, onde esta se denomina «Concepção». Os termos são diferentes mas a hierarquia dos três níveis de importância decrescente (menos em valor que em profundidade, menos do alto para baixo que do núcleo para casca) é a mesma (Gen 2,7). «Em si», aqui enquanto imagem de Deus, o Homem o é aí enquanto «pó no vento», «para si», aqui enquanto «espelho», é aí em baixo em sua «consciência de existir». Enfim «ao exterior de si», o é aqui como lá por sua sexualidade não reprodutora, por sua animalidade aparte, fora das espécies.