NOTHOMB CRIAÇÃO RELATO 25

Paul Nothomb — RELATOS DA CRIAÇÃO

Gen 1,25 E «Deus» fez (fazer) os animais terrestres segundo sua espécie e o gado segundo sua espécie e todos os répteis da «adama» segundo sua espécie. E «Deus» viu que (isso era) bom.

Como já em Gen 1,7 e Gen 1,16, traduzo o Verbo WYCSS, forma «apocopada» do incompleto conversivo de CSSH, «fazer» por um causativo. Gramaticalmente pode assim ser lido e, com Deus por sujeito, de maneira mais verídica pois só o verbo BR', Criar, exprime a ação direta do Criador. O verbo CSSH, fazer, quando é o sujeito, exprime todavia sua ação indireta. Em Gen 1,7 e Gen 1,16, Deus «faz fazer» por um agente que não é precisado. Mas aqui o é se se relaciona ao versículo precedente. É «a terra», à qual Deus faz «produzir» os animais terrestres, após a extensão e as grandes luminárias, e mesmo as estrelas. O que dizer? No meu entendimento, repito-o, «a terra» nesta acepção designa o «mundo» de Gen 1,2. O «mundo» que é a aparência da Realidade, da qual este relato conta a Criação progressiva (por razões didáticas) na cabeça do Homem. O mundo que o bom senso denomina «objetivo» enquanto não existiria sem o cérebro para conceber. O mundo que não se deve confundir com o «Tohu Bohu» preexistente à Criação, e que se poderia qualificar, ele, de «objetivo» se a objetividade não fosse também uma noção humana…

Aqui é sem qualquer dúvida sob a a rubrica BHMH que se deve alinhar as espécies que para os antropólogos são os ancestrais biológicos do homem «sapiens sapiens», quer dizer os hominídeos, os hominianos e até o homem dito de Neanderthal.

Como quer que se queira, o mundo de que é questão em nosso versículo como em Gen 1,7 e Gen 1,16, é a obra «visível» já acabada da Criação em andamento, que age como uma dinâmica, uma «evolução» para seu remate completo, levada pela impulsão da Criação inicial (Gen 1,1) depois «relançada» aqui pela nova Criação de Gen 1,21 e que «produz» naturalmente isto que ela tem em germe para cada uma de suas etapas (seus «dias»). É a ela que Deus «faz fazer» estes animais, e recusará, nós o veremos nos versículos seguintes, de «fazer fazer» o Homem…

Uma outra indicação, nisto que concerne a natureza do Homem, explode em fogo de artifício neste versículo. É a insistência sobre a palavra MYN, «espécie» citada três vezes, mais duas vezes no versículo precedente, ao todo cinco vezes a respeito dos últimos animais (duas vezes para os peixes e os pássaros e três vezes para os vegetais) e que faz sentir ainda mais sua ausência logo quando se trata, justo depois, do Homem.

Prefiro não traduzir provisoriamente a palavra «Adama» que é a primeira aparição na Bíblia (mas não a mais antiga que se encontra em Gen 2,5). Notemos simplesmente que, como em Gen 2,5, ela tem lugar conjuntamente com aquela da palavra «adam» 'DM (aqui em Gen 2,6) que precede nas duas passagens a primeira menção de «haadam» H'DM.

A palavra «adama» designa na «Bíblia das Origens» uma noção capital, que vai do «solo» alegórico à «condição humana», e que será objeto de um estudo a aparecer em um próximo livro. A sequência da presente tradução dele se inspira sem o explicitar.