Paul Nothomb — RELATO DOS SEIS DIAS — Genesis Dia 2
VIDE: genesis DIA 2
Gen 1,6: E «Deus» pensou: que haja a extensão no interior das águas, e que ela separe entre águas e águas.
Depois do tempo, o espaço. Como da obscuridade indiferenciada do caos primordial Deus fez brotar a luz, se dedica agora à massa das águas, simbolizando a matéria eterna a fim de dela tirar a extensão. Uma extensão separando as águas das águas. Para a cosmogonia objetiva, é a concepção, exposta em nota nas nossas bíblias, de um firmamento sólido contendo as cataratas prontas a se derramar sobre a terra, como elas o farão quando do dilúvio, e donde se escorrem periodicamente as chuvas benfazejas como de um reservatório. Mas para a cosmogonia subjetiva, a extensão aqui suscitada o é dentro da cabeça do Homem. Ela é a princípio, ela também, mental. Tão impalpável quanto o tempo, ela significa a abertura do espírito para o imaginário, a representação, a beleza. Como o tempo, o espaço existe como uma categoria antes de se tornar mensurável. Deus ele mesmo é suposto o pensar antes de o fazer. Mas a passagem ao ato parece muito menos imediata, menos fácil que, no caso da luz, que brotou logo “pensada” pelo Criador.