Salvatore Lilla — Clemente de Alexandria
Alguns acadêmicos tanto do último como do atua século estudaram a visão ética de Clemente, e tentaram seja dar um esboço delas ou acentuar sua dependência do Estoicismo ou apontar seu caráter cristão, que segundo eles permanece incorrupto mesmo se a linguagem usada é algumas vezes tomada à filosofia grega.
Necessário exame das relações entre o pensamento ético de Clemente e o de Filon, do Médio-Platonismo e do Neoplatonismo.
Estas fortes influências direcionaram a estrutura geral do sistema ético de Clemente e seu clímax — o ideal da apatheia e da homoiosis theo (“à semelhança de Deus”).
Questões a serem examinadas: - A doutrina da virtude em geral - As quatro virtudes cardeais e suas relações com as diferentes partes da alma - A doutrina do pathos - O estágio ético inferior: a ética da metriopatheia em conexão com a máxima “viver de acordo com a natureza” - O estágio ético superior: a ética da apatheia e o retrato do cristão perfeito ou gnostikos - homoiosis theo (“à semelhança de Deus”)
Alguns elementos muito próprios de Clemente também merecem ser reconhecidos, encontrando resposta as seguintes questões: - há qualquer relação entre o papel que Cristo desempenha na ética de Clemente e no ideal ético de Philon e do Neoplatonismo? - pode o papel de Cristo na ética ser visto como a contrapartida exata da função que Ele desempenha no lado teórico da gnosis? Se sim, não estamos já introduzidos na atmosfera da gnosis?
Encontram-se duas definições de virtude em duas passagens do Pedagogo: - “A virtude em si mesma, com efeito, é uma disposição da alma que se ajusta à razão, ao longo de toda a vida.” (I.101.2) - “Segundo parece, esquecemos que é só é rico quem possui as coisas de mais elevado preço: e as de mais elevado preço não são as pedras preciosas, nem o dinheiro, nem as vestimentas, nem a beleza corporal, senão a virtude, que é o logos transmitido pelo Pedagogo para que o ponhamos em prática. Este Logos é quem repudia o luxo, quem exorta — como servidor — ao trabalho pessoal, e quem celebra a moderada frugalidade, filha da temperança. (III.35.2)