===== FABRE D'OLIVET (TANNER) – VERSÃO DOS SETENTA (SEPTUAGINTA) ===== ATFO Não se pode duvidar de que [[gnosticismo:escolas-gnosticas:ptolomeu:start|Ptolomeu]], [[biblia:figuras:pai-mae-filho:filho:start|Filho]] de Lagos, apesar de algumas violências que assinalaram o início de seu reinado e às quais foi forçado pela conspiração de seus irmãos, fosse um grande príncipe. O Egito não teve época mais brilhante. Viram-se florescer ao mesmo tempo a paz, o comércio e as artes, e cultivar as ciências, sem as quais não há verdadeira grandeza em um Império. Foi pelos cuidados de Ptolomeu que se ergueu em Alexandria essa soberba biblioteca que Demétrio de Falero, a quem ele confiara sua guarda, enriqueceu com tudo o que a literatura dos povos oferecia então de mais precioso. Há muito tempo os [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:judeus:start|Judeus]] haviam se estabelecido no Egito. Não concebo por que espírito de contradição os sábios modernos querem absolutamente que, em um concurso de circunstâncias como o que acabo de apresentar, Ptolomeu não tenha tido o pensamento que lhe atribuem de fazer traduzir o *Sépher* para colocá-lo em sua biblioteca Joseph. Antiqu. Praef. Et L. XII, c. 2.. Nada me parece mais simples. O historiador Josefo é certamente muito credível nesse ponto, assim como o autor do livro de Aristeu, apesar de alguns enfeites com que carrega esse fato histórico. Mas a execução desse desígnio podia oferecer dificuldades; pois sabe-se que os judeus comunicavam dificilmente seus livros e guardavam sobre seus mistérios um segredo inviolável. Era mesmo entre eles uma opinião recebida que [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]] punia severamente os que ousavam fazer traduções em língua vulgar. O Talmude relata que Jonathan, após a emissão de sua paráfrase caldaica, foi vivamente repreendido por uma voz do céu por ter ousado revelar aos homens os segredos de Deus. Ptolomeu foi, portanto, obrigado a recorrer à intercessão do sumo sacerdote Eleazar, interessando sua piedade pelo resgate de alguns escravos judeus. Esse sumo sacerdote, seja porque estivesse tocado pela bondade do rei, seja porque não ousasse resistir a sua vontade, enviou-lhe um exemplar do *Sépher* de [[biblia:tipologia:moises:start|Moisés]], permitindo-lhe que o fizesse traduzir em língua grega. Não restava senão escolher os tradutores. Como os essênios do monte Moriá gozavam de uma reputação merecida de ciência e santidade, tudo me leva a [[evangelho-de-jesus:logia-jesus:logia-jesus:crer:start|Crer]] que Demétrio de Falero lançou os olhos sobre eles e lhes transmitiu as ordens do rei. Esses sectários viviam como anacoretas, retirados em celas separadas, ocupando-se, como já disse, do estudo da natureza. O *Sépher* era, segundo eles, composto de espírito e corpo: pelo corpo entendiam o sentido material da língua hebraica; pelo espírito, o sentido espiritual perdido para o vulgo Joseph, De Bello Jud., L. II, ch. 12. Phil., De vita contempl.. Pressionados entre a lei religiosa que lhes proibia a comunicação dos mistérios divinos e a [[evangelho-de-jesus:logia-jesus:logia-jesus:autoridade:start|Autoridade]] do príncipe que lhes ordenava traduzir o *Sépher*, souberam sair de um passo tão arriscado: pois, dando o corpo desse livro, obedeceram à autoridade civil; e, retendo o espírito, à sua consciência. Fizeram uma versão verbal tão exata quanto puderam na acepção restrita e corpórea; e para se proteger ainda mais das acusações de profanação, serviram-se do texto e da versão samaritana em muitos lugares, e todas as vezes que o texto hebraico não lhes oferecia obscuridade suficiente. (...). Tal é a origem da [[biblia:start|Bíblia]]. É uma cópia em língua grega das escrituras hebraicas, onde as formas materiais do *Sépher* de Moisés estão suficientemente bem conservadas para que aqueles que nada veem além delas não possam suspeitar das formas espirituais. {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}