===== FABRE D'OLIVET (TANNER) – DESENVOLVIMENTO DOS SIGNOS ===== ATFO Tentemos descobrir como o *signo*, manifestando-se externamente, produziu um *nome*; e como o *nome*, caracterizado por um tipo figurado, produziu um *signo*. Tomemos, por exemplo, o signo [[theosophos:fabre-dolivet:start|Fabre]] cita aqui a letra hebraica correspondente, mas isso não importa, no caso particular, para a sequência do raciocínio. *M*, que, enunciado por meio de seus elementos primordiais, o *som* e os órgãos da *voz*, torna-se a sílaba *äM* ou *Mä* e se aplica àquela das faculdades da mulher que a distingue eminentemente, isto é, à de *Mãe*. Se algum espírito atacado de ceticismo me perguntar por que encerro a ideia de *Mãe* nessa sílaba *äM* ou *Mä*, e como posso ter certeza de que ela realmente se aplica a ela, responderei que a única prova que tenho a lhe dar, na esfera material em que se envolve, é que, em todas as línguas do mundo, desde a dos chineses até a dos caraíbas, a sílaba *äM* ou *Mä* se liga à ideia de *Mãe*, *äB*, *Bä* ou *äP*, *Pä*, à do [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]]. Se duvida de minha afirmação, que prove que é falsa; se não duvida, que me diga como pode ser que tantos povos diversos, lançados a distâncias tão grandes, desconhecidos uns aos outros, tenham concordado na significação dessa sílaba, se essa sílaba não é a expressão inata do *signo* da maternidade. Mas ela o é: é uma verdade gramatical que todos os sofismas de *Hobbes* e de seus discípulos não poderiam abalar. Apoiemo-nos no ponto fundamental e prossigamos. Quais são as ideias relativas ou abstrativas que se ligam a ou decorrem da ideia primordial representada pela sílaba *äM* ou *Mä*? Não é a ideia da fecundidade, da multiplicidade, da abundância? Não é a ideia da fecundação, da multiplicação, da formação? Não se vê nascer dessa fonte toda ideia de ação excitada e passiva, de movimento exterior, de força plástica, de vínculo próprio, de foco, de meio, etc., etc.? É inútil prosseguir essa exploração: qual é o leitor, chegando até este ponto de minha *Gramática*, que não possa ir tão longe e mais longe do que eu? Pois bem, essa multidão de ideias, todas encerradas na ideia primordial de *Mãe*, ou se liga ao *signo figurado*, ao *caráter típico* que a representa, ou dela decorre e o segue. Cada *signo* parte dos mesmos princípios e adquire o mesmo desenvolvimento. A palavra é como uma árvore robusta que, lançando-se de um tronco único, começa por ramificações raras; mas que logo se estende, se desdobra, se divide numa infinidade de ramos cujos rebentos entrelaçados acabam por se misturar e se confundir. E que esse número imenso de ideias, decorrentes de um número tão pequeno de *signos*, não espante. É por meio de oito chaves chamadas *koua* que a língua chinesa, primeiro reduzida a duzentos e quarenta caracteres primordiais, elevou-se até oitenta, e mesmo oitenta e quatro mil caracteres derivados. Ora, quanto mais uma língua é nova e próxima da natureza, mais o *signo* conserva nela sua força. Essa força se extingue insensivelmente à [[evangelho-de-jesus:logia-jesus:logia-jesus:medida:start|Medida]] que as línguas derivadas se formam, se fundem umas nas outras, se identificam e se enriquecem mutuamente de uma multidão de palavras que, pertencendo a várias populações primeiro isoladas, depois reunidas, perdem sua sinonímia e acabam por se colorir de todas as nuances da imaginação, ao se prestarem a todas as delicadezas do sentimento e da expressão. A força do *signo* é a pedra de toque gramatical, por meio da qual se pode [[evangelho-de-jesus:sermao-da-montanha:julgar:start|JULGAR]], sem erro, da antiguidade de qualquer língua. Em nossas línguas modernas, por exemplo, o *signo*, pressionado, fundido no *signo*, muitas vezes quebrado, muitas vezes extraviado, sempre revestido do cimento idiomático e da ferrugem das eras, é muito difícil de reconhecer; só cede a uma análise obstinada. Não é assim em hebraico. Essa língua, como um rebento vigoroso, saído do tronco ressequido da língua primitiva, conservou, em pequeno, todas as formas e toda a ação. Os *signos* são ali quase todos evidentes, e vários mesmo se empregam isolados. (...) (*Histoire philosophique*) {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}