===== EREMIA ===== [[philokalia:philokalia-termos:start|Philokalia-Termos]] — [[philokalia:philokalia-termos:eremia:start|eremia]] = DESERTO VIDE: [[philokalia:philokalia-termos:koinobion:start|koinobion]], [[philokalia:philokalia-termos:askesis:start|askesis]], [[philokalia:philokalia-termos:monos:start|monos]], [[philokalia:philokalia-termos:monachos:start|monachos]] [[evangelho-de-jesus:start|Evangelho de Jesus]]: Tentações de Jesus; [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:discipulos-de-jesus:dois-joao:joao-batista:start|João Batista]]; Maná; Serpente de Bronze Mc 1:35 [[estudos:filosofia-medieval:marie-madeleine-davy:start|Marie Madeleine Davy]]: O DESERTO INTERIOR Ele permanecia retirado em lugares desertos, e orava (Lc 5,16). A magnificência do deserto, celebrada na [[biblia:start|Bíblia]], ilumina os sinóticos translucidamente. As suas referências ao deserto são raras. Fazem alusão a ele a propósito de [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]], quando se retirou da multidão para orar, ou quando, levado pelo Espírito, foi tentado pelo diabo. João Batista, que batizou Jesus com o batismo de água, era homem do deserto e se tornou o modelo dos eremitas. O desconhecimento da vida de Cristo, com exceção dos episódios concernentes ao seu nascimento, à sua presença no templo, ao seu ensinamento e a sua morte, não nos permite fazer alusão a detalhes de sua existência antes de seus anos de pregação. Viveu ele no deserto? É possível. Participou da existência dos essênios? Não sabemos. Em todo caso, é difícil pensar que Jesus permanecesse em sua família. Todo judeu, a menos que pertencesse a alguma seita que exigisse o celibato, se casava ainda jovem, com cerca de dezoito anos, e devia procriar. Teria ele sido um discípulo de João Batista? A mensagem deste homem, que se dirigira para o deserto da região montanhosa de Judá, tinha sido anunciada por Isaías: Uma voz clama: "No deserto, abri um caminho para YHWH; na estepe, aplainai uma vereda para o nosso [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]]! (Is 40,3). Essa é a vocação do eremita de fora e de dentro; ele prepara o caminho para a palavra do Eterno, palavra que não cessa de nascer no coração dos homens. Aos quarenta anos passados pelo povo de [[philokalia:philokalia-termos:israel:start|Israel]] no deserto, correspondem os quarenta dias de Jesus no deserto, com os quais têm alguma semelhança os quarenta dias durante os quais Cristo apareceu aos seus apóstolos, antes da ascensão, falando-lhes do Reino de Deus (At 1,3). No deserto, Cristo jejuou; ao sentir fome, o diabo o convidou a transformar pedras em pães; em seguida transportou-o para pontos elevados, nos quais pediu-lhe que se prostrasse. O diabo queria que Jesus o adorasse, mas Jesus não caiu nessa tentação. Os israelitas, ao contrário, fizeram, no deserto, um bezerro de ouro e o veneraram, porque [[biblia:tipologia:moises:start|Moisés]] tardava em descer da montanha, onde se entretinha com o Eterno. Traços importantes diferenciam o deserto do [[biblia:at:start|Antigo Testamento]] do deserto do Novo. No primeiro, Deus fala, donde a importância do deserto criado pelo Eterno como a terra e o mar. No segundo, o deserto se torna uma espécie de "purgatório", um lugar de despojamento, de purificação e de combate contra os demônios (e isso em parte já o era antes). Para os cristãos, Cristo é Palavra do [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]]; para os que o reconhecem, a palavra do Eterno se torna perceptível através de Cristo. Essas diferenças, que caracterizam a noção de deserto, se estendem aos comportamentos em relação ao mundo, à sexualidade e à solidão. Para os [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:judeus:start|Judeus]], o mundo não era mau. Não se devia, portanto, fugir dele. O importante era sacralizar a terra, preparando-a para a vinda do Messias. A existência era amada, e a sexualidade tinha papel primordial: a presença divina estava próxima dos que tinham filhos. O homem sozinho era comparável a uma metade levada à deriva, qual continente separado de sua outra parte; por isso, não se casar teria sido mutilação, enfermidade e até falta de unidade. Era normal que as águas superiores se comunicassem com as águas inferiores, e o céu com a terra etc. O homem adquiria sua unidade encontrando sua parceira. Por isso, a solidão do homem não era uma bênção, mas um entrave ao seu desabrochar físico e espiritual; até para estudar a Tora era bom que fossem dois. Para os cristãos, o Messias veio na pessoa de Jesus, e a sua volta está próxima. Não é, pois, aconselhável enraizar-se na vida e ter filhos. Do ponto de vista da sexualidade, o papel de Paulo foi predominante. A importância da virgindade e da continência se explica, em grande parte, apenas por influência de Paulo. Daí a atitude perante o mundo passou a ser de afastamento e até de recusa. Se é secundário nas Escrituras do Novo Testamento, o papel do deserto é primordial na vida dos monges e dos leigos. Muitos cristãos escolheram viver no deserto, a título individual, ou optaram pela vida monástica contemplativa. Em relação tanto a uns como a outros, é o caso de se falar em fuga do mundo. Os Padres da Igreja, gregos e latinos, introduziram um ensinamento que devia constituir a tradição. Apesar de ocupados com as heresias e as gnoses, não negligenciaram a vida interior e manifestaram muitas vezes seu amor pelo deserto, insistindo na preeminência da vida monástica. Jacob [[theosophos:boehme:start|Boehme]]: [[theosophos:theosophia-estudos:deghaye:start|Pierre Deghaye]] — DESERTO [[estudos:filosofia-medieval:ysabel-de-andia:start|Ysabel de Andia]]: Mystiques d'Orient et d'Occident A purificação dos ídolos passa pelo deserto, lugar da sede e da morte, onde Deus conduz seu povo, na saída do Egito para o purificar por um longo «êxodo» antes da entrada na terra prometida. E o povo «murmura» que não tem mais as riquezas do Egito. Não há mais «nada», senão Deus. O deserto tem a pureza do monoteísmo: nada mais há, senão Deus. Lugar da sede e da fome, o povo não pode sobreviver se Deus não lhe dá o maná e a água da rocha, esta «rocha» que dirá São Paulo, é o Cristo. Lugar do êxodo, lugar das provações da fé, lugar da tentação, onde a vaidade dos ídolos se descobre enfim como o Satã que oferece ídolos de desejo. Mas o deserto é também o lugar do carinho [[biblia:figuras:divindade:divino:start|Divino]] onde Deus dá tudo «sem intermediário» a seu povo só lhe demandando nEle ter fé. --- Diz-se que Brahma não se assemelha a nada no mundo, mas que nada está fora de Brahma. Para ilustrar esta afirmação, Sankara no Atma-Bodha utiliza a imagem do «deserto» (Maru), para nos fazer compreender em que tudo o que existe fora de Brahma não pode existir senão em modo puramente ilusório, como a aparência da água existe no deserto para o viajante com sede, quer dizer como uma simples miragem. «Esta palavra Maru, escreve Guénon, derivada da raiz mri, «morrer», designa toda região estéril, inteiramente desprovida de água, e mais especialmente um deserto de areia, cujo aspecto uniforme pode ser tomado como suporte da meditação, para evocar a ideia de indiferenciação principial.». Se o desrto é um bom suporte à meditação, como certos jardins de pedra japoneses dão uma perfeita ilustração, por outro lado e ao mesmo tempo, a existência no deserto (Maru) é bem a exata situação das ideias e conceitos que nos formamos, não somente a propósito das coisas terrestres, mas igualmente das coisas divinas: pura vacuidade. (Vivenza) {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}