===== PEQUENA PHILOKALIA PREFACIO ===== Jean Gouillard — [[philokalia:philokalia-suplementos:pequena-philokalia:start|Pequena Philokalia]] da [[oracao:start|Oração]] do Coração Excertos do Prefácio de Gouillard da tradução em português publicada pela Ed. Paulinas, em revisão e ampliação conforme o original francês. Os [[philokalia:philokalia-suplementos:relatos-de-um-peregrino-russo:start|Relatos de um Peregrino Russo]] revelaram a Philokalia ao grande público. A aventura desse atrativo vagabundo de Jesus de imediato coroou-a de um prestígio, destacado ainda por um título hermético e a raridade do livro. Refratada pela confissão do Peregrino, a Philokalia apareceu como o Evangelho de uma oração, ao mesmo tempo, estranha e familiar, ingênua e amigável como uma página das Fioretti. A realidade é menos simples, sem ser de todo diferente. [[philokalia:start|Philokalia]] significa "amor da beleza", esta que se confunde com o bem. A palavra já havia servido à São [[ate-agostinho:basilio:start|Basílio]] e seu amigo [[ate-agostinho:gnazianzo:start|Gregório de Nazianzo]] para sua antologia de [[ate-agostinho:origenes:start|Orígenes]]. Mas, exceto alguns eruditos, quem conhece esta coletânea? Em 1782, apareceu em Veneza uma outra Philokalia, vaticinada a um outro destino, dos quais todos os exemplares foram repatriados em bloco para o Oriente. Nada mais banal. Basta folhear a Bibliografia helênica de Pernot-Petit para constatar que o livro grego se imprimia quase sempre em Veneza. A situação só devia mudar depois da guerra da Independência. Era um in-folio de 16-1207 páginas em duas colunas, que se apresentava assim: “Philokalia dos Santos Népticos — vide [[philokalia:philokalia-termos:nepsis:start|nepsis]] — recolhida entre os Santos Padres teóforos, onde se vê como, pela filosofia da vida afetiva e da contemplação, o espírito se purifica, é iluminado e tornado perfeito...” A obra apareceu graças à liberalidade de um príncipe romeno, Jean Mavrocordato, cuja identidade não é segura: todos os príncipes romenos tinham costume de fazer preceder seus nomes de um enigmático Io. Foi obra comum de um bispo, [[philokalia:philokalia-autores:macario-de-corinto:start|Macário de Corinto]] (1731-1805) e de um monge da Santa Montanha, [[philokalia:philokalia-autores:nicodemos-hagiorita:start|Nicodemos o Hagiorita]] (1749-1809). O primeiro tinha reunido os textos, o segundo assumiu a redação do prefácio e das notícias. Tão apostólicos um e outro, quanto cultos, sonhavam em fazer lembrar aos monges e aos fiéis ortodoxos da grande tradição da oração ilustrada por uma cadeia ininterrupta de contemplativos, desde o Deserto até os reformadores dos séculos XIII-XIV, Nicéforo, Gregório, etc. Espíritos abertos, portanto: Macário, não louvava contra todos os costumes, um retorno à comunhão frequente; quanto a Nicodemos, via-se ele traduzir e adaptar os Exercícios de Santo Inácio e o [[contra-reforma:combate-espiritual:start|Combate Espiritual]] de Scupoli. Eles acreditaram em seu empreendimento. O livro que apareceu, nos disse Nicodemos, é nada mais que o “tesouro da sobriedade, a salvaguarda da inteligência, o ensinamento místico da prece do espírito, o modelo eminente da vida ativa, o guia infalível da contemplação, o paraíso dos Padres e a cadeia das virtudes. Um livro que é a recordação familiar e assídua de Jesus...” (Prefácio, p. IV, col. 2). Este verdadeiro concílio dos “Padres Néticos” convoca toda a tradição, desde a época do Deserto com [[philokalia:philokalia-autores:antonius:start|Antão]] e [[philokalia:philokalia-autores:evagrio:start|Evágrio]] até Simeão de Tassalonica (1410-1428). Eles são assim mais de trinta: Antão o Grande, Isaías, Evágrio, [[philokalia:philokalia-autores:cassiano:start|Cassiano]], Marcos, Hesíquio, Nilo, Diadoco, João de [[philokalia:philokalia-autores:karpathos:start|Karpathos]], [[philokalia:philokalia-autores:teodoro-o-grande-asceta:start|Teodoro de Edessa]], [[philokalia:philokalia-autores:maximo-o-confessor:start|Máximo o confessor]], Talássio, [[philokalia:philokalia-autores:joao-damasceno:start|João Damasceno]], [[philokalia:philokalia-autores:abade-filemao:start|Abade Filemão]], Teognostos, Filoteo o Sinaita, [[biblia:tipologia:elias:start|Elias]] o Ecdico, Teofano da Escada, [[philokalia:philokalia-autores:pedro-damasceno:start|Pedro Damasceno]], Macário, Simeão o Novo Teólogo, [[philokalia:philokalia-autores:nicetas-stethatos:start|Nicetas Stethatos]], [[philokalia:philokalia-autores:teoleptos-da-filadelfia:start|Teoleptos da Filadelfia]], Niceforo o Hesicasta, Gregório o Sinaita, [[philokalia:philokalia-autores:gregorio-palamas:start|Gregório Palamas]], Calisto II, Inácio de Xantopoulos, Calisto Catafigiotes, [[philokalia:philokalia-autores:simeao-da-tessalonica:start|Simeão da Tessalonica]], Marcos de Efeso, [[philokalia:philokalia-autores:maximo-capsocalyvite:start|Maximo Capsocalyvite]]. Algumas presenças são discretas: duas páginas para Teofano; outras dominantes: [[biblia:figuras:nt-personagens:discipulos:pedro:start|Pedro]] Damasceno ocupa 140 páginas. Estas precessões não tem nada a ver com a importância dos autores. Seu nome ou tais circunstâncias podem, no entanto, ter algo a ver. A autenticidade é um problema que não existe para os compiladores. Antão o Grande abre as sessões deste sínodo pelas Exortações que plagiam — um pouco — um breviário estoico; Teodoro de [[estudos:cristianismo-oriental:cristianismo-siriaco:edessa:start|Edessa]], cuja obra talvez seja apenas um concurso de excessos e fraudes, aporta uma antologia evagriana realizada ao preço de um recorte heroico e pueril, assim como um pequeno Contemplativum de tonalidade [[estudos:filosofia-medieval:escolastica:start|escolástica]]. Calisto Telicudes só faz repetir, ou quase repetir, a Centúria de Calisto e Inácio Xanthoupolos. A Philokalia devia conhecer um sucesso extraordinário na Rússia graças a um grande staretz, Paisie Velitchovskí (1722-1794), animador de um verdadeiro renascimento espiritual, tanto no país moldávio quanto na Rússia. Preparou, sem perda de tempo, uma tradução em eslavônio, a Dobrotoljubié (São Petersburgo, 1793; oito reedições). Foi um exemplar dessa edição, em péssimo estado, que o Peregrino russo comprou por dois rublos — toda a sua fortuna — de um sacristão. Ela, foi, ao lado da [[biblia:start|Bíblia]] e do Grande Menológio de [[philokalia:philokalia-autores:dimitri-de-rostov:start|Dimitri de Rostov]], o alimento espiritual preferido pelos monges russos. Para o Peregrino russo e a multidão incontável descrita por ele, a Philokalia é, antes de tudo, o livro da oração, ou seja, a [[philokalia:philokalia-suplementos:kyrie-eleison:oracao-de-jesus:start|oração de Jesus]] ou do coração. E estava certo o Peregrino, pois era justamente ela, em definitivo, que seus compiladores sonhavam reconduzir, em triunfo, escoltada por toda uma tradição. - ORAÇÃO DO CORAÇÃO {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}