===== MAXIMO GOUILLARD ===== [[philokalia:philokalia-autores:maximo-o-confessor:start|Máximo o Confessor]] — Seleção de Jean Gouillard ==== Da oração (euche) ininterrupta ==== O irmão disse: meu [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]], peço que me ensineis de que modo a [[oracao:start|oração]] ([[philokalia:philokalia-termos:euche:start|euche]]) desacostuma o espírito de todos os conceitos. O ancião respondeu: Os conceitos são conceitos de objetes. Desses objetos, uns se dirigem aos sentidos, outros ao espírito. O espírito que se demora entre eles, fica remoendo seus conceitos. Mas, a graça ([[philokalia:philokalia-termos:kharis:start|kharis]]) da oração (euche) une o espírito a [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]]; unindo-o a Deus, ela o separa de todos os conceitos. O espírito, assim nu, torna-se familiar e semelhante a Deus. Como tal, pede-lhe o que convém e seu pedido nunca é frustrado. Por isso, o Apóstolo prescreveu "orar sem interrupção", para que, unindo assiduamente nosso espírito a Deus, nós o desacostumemos, pouco a pouco, do apego às coisas materiais. O irmão lhe disse: como pode o espírito "orar sem interrupção"? Salmodiando, lendo, conversando, ocupando-nos em nossos ofícios, nós os desviamos em inúmeros pensamentos e considerações. O ancião respondeu: a Divina Escritura não prescreve nada de impossível. Também o Apóstolo salmodiava, lia, servia e, no entanto, orava sem interrupção. A oração (euche) ininterrupta é o manter o espírito concentrado em Deus, numa grande reverência e num grande amor; imobilizá-lo na esperança de Deus, contar com Deus em todas as nossas ações e em tudo o que nos acontece. O Apóstolo, porque a isso tudo se dispunha, orava sem descanso (Livro ascético, nn, 24 e 25, P.G. t. 90, c. 929 bd ). ==== Da purificação (katharsis) do coração (kardia) ==== Quando tiverdes valentemente triunfado sobre as paixões do corpo ([[philokalia:philokalia-termos:soma:start|soma]]), guerreado suficientemente contra os espíritos impuros e empurrado os seus pensamentos para fora do domínio da alma ([[philokalia:philokalia-termos:psyche:start|psyche]]), orai então para que vos seja dado um coração ([[philokalia:philokalia-termos:kardia:start|kardia]]) puro e que o espírito de retidão seja restaurado em vossas entranhas ( SI 51,12 ). Isto é, esvaziado dos pensamentos corrompidos, a graça (kharis) vos deixe repleto dos pensamentos divinos. E que seja o mundo espiritual de Deus, imenso e resplandecente, composto das contemplações morais ( vida ativa ), naturais ( primeiras contemplações ) e teológicas ( contemplação ([[philokalia:philokalia-termos:theoria:start|theoria]]) de Deus ). Quem purificar o coração (kardia), conhecerá não somente as razões dos seres inferiores a Deus; mas, olhará também, até certo ponto, para o próprio Deus, quando, tendo atravessado a sucessão de todos os seres, atingir o píncaro supremo da felicidade. Deus, manifestando-se nesse coração (kardia), dignar-se-á gravar nele suas próprias leis, pelo Espírito, como em novas tábuas mosaicas. Isso, na [[evangelho-de-jesus:logia-jesus:logia-jesus:medida:start|Medida]] em que o coração (kardia) tiver progredido na ação ([[philokalia:philokalia-termos:praxis:start|praxis]]) e na contemplação (theoria), conforme o propósito místico do preceito: "Crescei" ( Gn 35,11 ). Pode-se chamar coração (kardia) puro àquele que não tem mais nenhum movimento natural para o que quer que seja, da maneira que for. Nessa tabuinha perfeitamente aplainada por uma simplicidade absoluta, Deus se manifesta e inscreve suas próprias leis. É puro o coração (kardia) que apresenta a Deus uma memória sem espécies nem formas, disposta unicamente a receber as impressões pelas quais Deus costuma se manifestar. O espírito de [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]], que os santos recebem conforme a palavra: "temos o espírito do Senhor" ( 1 Cor 2,16 ), não vem a nós através da privação de nosso poder intelectual, nem como complemento de nosso intelecto ([[philokalia:philokalia-termos:nous:start|nous]]), nem sob forma de acessão substancial a nosso intelecto (nous). Não. Ele faz brilhar o poder de nosso intelecto (nous) em sua própria qualidade e o conduz ao mesmo ato que ele. Chamo "ter o espírito de Cristo": pensar segundo Cristo e meditar Cristo em todas as coisas ( Capítulos teológ. e econ. 2a Centúria, nn. 79-82, P.G. t. 90, 1161 s.). {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}