===== GNOSTICISMO OVELHA PERDIDA ===== [[gnosticismo:start|Gnosticismo]] — [[evangelho-de-jesus:parabolas-evangelicas:ovelha-perdida:start|Ovelha Perdida]] Roberto Pla: [[gnosticismo:bnh:evangelho-de-tome:start|Evangelho de Tomé]] - [[gnosticismo:bnh:evangelho-de-tome:logion-107:start|Logion 107]]; Evangelho de Tomé - [[gnosticismo:bnh:evangelho-de-tome:logion-93:start|Logion 93]] Mas quem são essas ovelhas perdidas que a Jesus preocupa? [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:discipulos-de-jesus:mateus:start|Mateus]] dá alguma informação sobre elas e convém revisá-la, pois Jesus se refere à ovelha perdida “entre cem”, e explica o satisfação pela ovelha “encontrada”, pois não é vontade do [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]] celestial que se perca um destes “pequeninos”. Que as ovelhas são os "pequeninos", resulta evidente segundo o texto de Mateus. Os "pequeninos" são, segundo isto, uma classe particular de seres humanos, e não todos os [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:judeus:start|Judeus]], se é que se fala de ovelhas de [[philokalia:philokalia-termos:israel:start|Israel]], nem todos os denominados cristãos, se a referência a dizer "ovelhas". Mas ocorre que, por sua vez, resulta bastante claro que os “pequeninos”, as “crianças”, são o espelho no qual devem se olhar todos aqueles que pretendem entrar no Reino dos céus, posto que para entrar no Reino é preciso se fazer “como” essas “crianças”, “como” esses “pequeninos”. Isto é como se se dissesse que há que nascer do Espírito para ser “como” o Espírito. O ensinamento se completa quando explica Jesus nessa passagem das “crianças” que os anjos destes “pequeninos”, não só que se fizeram “como” pequeninos, senão o espelho de si mesmos em que se olharam para se fazer “como” pequeninos, quer dizer, os anjos nos céus, pois eles são o espelho, “veem continuamente o rosto de meu Pai que está nos céus”. Pois bem, fica claro que esses anjos, essas partículas de luz que são o verdadeiro Ser de cada qual, são os pequeninos, as ovelhas. Se compreende então o gozo celestial pela ovelha que estava perdida e foi encontrada, porque a ovelha é a pérola, o tesouro, a pedra, o homem pneumático, a semente de [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]], da qual se diz que está perdida quando vive cativa, enterrada, sob o peso da ignorância da alma. A ovelha, a pérola, é o único Ser real e verdadeiro que há no homem, pois é o homem em si mesmo, o eterno, e todo o mais são envolturas adventícias, transitórias, que não subsistem para a Vida verdadeira. É esta ovelha a pérola que há que preservar do ignorante que a mantém revolta com a imundície que agrega, por insensato, a seu puro si mesmo, e que não a vê nem a conhece: Jesus veio, enviado, para resgatar essas ovelhas de seu cativeiro e devolver-lhes sua liberdade perdida (v. [[evangelho-de-jesus:milagres-de-jesus:cura-da-filha-da-cananeia:start|Cura da Filha da Cananeia]]). [[gnosticismo:escritos-gnosticos:atos-de-tome:start|Atos de Tomé]] - Fala uma jovem símbolo da alma, dando conta das penas infernais que contemplou em visão: - Aquele que se assemelha me tomou e me consignou a ti, com estas palavras: "Tome-a, porque é uma das ovelhas perdidas". Tu me acolheste e agora estou aqui em tua presença. Suplico-te, pois, (ajuda-me) para que vá a aqueles lugares de sofrimento que vi. - Articulação com o Bom Pastor em João: - Ó pastor bom, que te entregaste pelas próprias ovelhas e venceste o lobo e redimiste aos cordeiros teus e os conduziste a um pasto bom! Te louvamos e entoamos hinos a ti, e a teu invisível Pai, e a teu [[biblia:figuras:espirito-santo:start|Espírito Santo]], e à Mãe de toda a criação (= a [[philokalia:philokalia-termos:sophia:start|sophia]]). Antonio [[gnosticismo:orbe:start|Orbe]]: [[gnosticismo:orbe:aopesi:start|Parábolas Evangélicas em São Irineu]] A primeiríssima antiguidade descuidou das diferenças entre Mt e Lc. Suspeito que algumas, no entanto, se valeram de pronto, por. ex., o lugar em que a ovelha se perdeu: “nos montes” em Mt e “no deserto” em Lc. [[ate-agostinho:origenes:start|Orígenes]] não se descuida uma única vez em eleger a versão de Lucas em suas referências. Vê também diferença entre a ovelha “perdida” (gr. apololos) e a “desvairada (gr. planomenon). Entre os escritos apostólicos há algum vestígio, como por exemplo o [[ate-agostinho:pastor-de-hermas:start|Pastor de Hermas]]. A parábola teve um trato excepcional pelos gnósticos, a começar por Simão Mago, segundo São Irineu. [[gnosticismo:escolas-gnosticas:marcion:start|Marcion]] a interpretou segundo [[ate-agostinho:tertuliano:start|Tertuliano]] apresenta em seu Adv. Marc. IV 32,1. Marcion destaca a expressão alegórica da misericórdia de Deus, pelo que se pode entender das notícias tertulianas sobre seu discípulo Apeles. No entanto, examinando as citações a Apeles em Tertuliano se conclui que a ovelha perdida de Apeles não alude à [[philokalia:philokalia-termos:metanoia:start|metanoia]] de Gen 6,6 nem ao sentimento dos [[gnosticismo:gnose:arcontes:start|Arcontes]] ante a profecia de Adão (Gen 2,23), senão à metanoia, enquanto mudança de ignorância (= Erro) na aceitação da economia superior. [[ate-agostinho:taciano:start|Taciano]] é outra exegese a mencionar, através do [[estudos:cristianismo-oriental:cristianismo-siriaco:diatessaron:start|Diatessaron]] e por sua exegese pessoal. Alude de forma mítica à ovelha, símbolo da alma ou homem (essencial). No princípio alma feliz e contente com o Espírito [[biblia:figuras:divindade:divino:start|Divino]]. Indócil a Ele, viu-se um dia abandonada do Espírito, caiu em Erro ([[philokalia:philokalia-termos:plane:start|plane]]) e com ele na idolatria. Os Simonianos têm algumas referências à parábola, apontadas por [[ate-agostinho:irineu:start|Irineu de Lião]], servindo-lhes para o esquema do mito da salvação. A alma (= primeira ideia de Deus) sai do reino do Espírito, se multiplica em contato com a matéria e se torna múltipla ao princípio da origem. O tema é abordado em articulação com a economia de Ennoia, Primeiro Pensamento do Deus Ignoto. O símbolo Ennoia = ovelha perdida se reduz facilmente ao Anthropos espiritual) = ovelha perdida. [[gnosticismo:escolas-gnosticas:valentino:start|Valentino]] e seus seguidores têm orientações distintas, talvez complementares. Uma, aritmética — a qual pertencem Marcos e o [[gnosticismo:bnh:evangelho-da-verdade:start|Evangelho da Verdade]] — que especulam sobre a perda do número perfeito 100, com a ovelha perdida: 99 + 1; e outra diretamente doutrinal — a de [[gnosticismo:escolas-gnosticas:ptolomeu:start|Ptolomeu]] e Heracleon, as duas místicas. A exegese de orientação doutrinal é seguida também pelo Evangelho de [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:discipulos-de-jesus:tome:start|Tomé]]. Entre os eclesiásticos, Tertuliano merece lugar relevante. [[ate-agostinho:cipriano:start|Cipriano]] em suas cartas também referencia a parábola; [[ate-agostinho:clemente:start|Clemente de Alexandria]] se refere a ela no tocante a Lei Mosaica. Orígenes é aquele com mais referências e análises. Por último, Irineu de Lião omite a alegoria numérica, repugnando a exegese gnóstica assim como origeniana: o homem é o plasma; formado por Deus, caiu no pecado, morte, cativeiro, exílio; eis aí o Adão, o homem “feito de barro” “à imagem e semelhança de Deus”, que falta a seu Criador e sem perder sua amizade — inicia uma existência errante, fora do Paraíso, com o prenúncio do Redentor. {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}