===== PROTENOIA TRIMORFE ===== BIBLIOTECA DE [[gnosticismo:bnh:start|Nag Hammadi]] Excertos de do livro de R. Kuntzmann e J.-D. Dubois, trad. de Álvaro Cunha ==== A Protenoia Trimorfe (XIII,l) ==== Tradução de Y. Janssens, in BCNH, n. 4, 1978. Este tratado, redigido por volta do ano 200, apresenta especulações filosóficas e apocalípticas sobre a natureza da história e do universo. A personagem central do documento é Protenoia, o Pensamento Primeiro, revelador celeste que desce a este mundo por tríplice epifania, a fim de despertar aqueles que dormem, tirá-los de sua situação de esquecimento e salvá-los (cf. [[evangelho-de-jesus:no-principio-era-o-verbo:jo-11:start|Jo 1,1]]-18 e [[gnosticismo:bnh:apocrifo-de-joao:start|Apócrifo de João]], II, p. 30-31). Eu (desci) ao meio do [[philokalia:philokalia-termos:hades:start|hades]]. Eu brilhei (sobre as) trevas. Sou eu que faço brotar a água, eu que estou oculto nas águas (...). Fui eu que produzi cada coisa a cada vez por meu pensamento. Sou eu o encarregado da voz. É de mim que emana [[ate-agostinho:clemente:excertos-teodoto:excertos-de-teodoto-texto:a-gnose:start|A Gnose]], estando (eu) entre os inefáveis e os incognoscíveis. Eu sou a percepção e o conhecimento, (emitindo) uma voz saída de um pensamento. Eu sou a voz real, que dá voz a todo ser. E eles o sabem, pois um germe está em mim. Eu sou o Pensamento do [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]]. E foi primeiro de mim que saiu a Voz, isto é, o conhecimento daqueles que não têm fim (p. 36,4-19). A missão de Protenoia é relatada por ele mesmo em um hino de revelação cujas três partes começam pela mesma forma ("Eu sou"): ... o Protenoia, p. 35; ... a Voz, p. 42;'... a Palavra, p. 46. O texto acumula títulos gnósticos, bem conhecidos do [[gnosticismo:start|Gnosticismo]]: Primeiro Pensamento do Pai, Voz, Mãe, Virgem, [[biblia:figuras:pai-mae-filho:filho:start|Filho]], [[philokalia:philokalia-termos:logos:start|logos]] etc. Ap. 37,20-31 mostra como os títulos se interligam e entrecruzam: E o som que nasceu de meu Pensamento estava em três lugares: o Pai, a Mãe e o Filho. Uma voz estava em uma percepção. Há um Logos nele que possui toda a glória. E há três masculinidades, três forças e três nomes que são assim, todos os três, ..., quadrangulares, secretamente, no silêncio do Inefável, apenas (ele) que nasceu, isto é, (o [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]], e) fui eu quem o ungiu de glória (...). O título de Cristo aparece três (ou quatro) vezes no texto. E certas passagens evocam os apocalipses sinóticos (Mt 24 e paralelos) e 1Cor 15. Eis duas passagens características desses ecos bíblicos, em primeiro lugar uma descrição apocalíptica do fim dos tempos: Desde que as grandes Potestades souberam que o tempo do fim se havia manifestado — ao modo das dores daquela que vai dar à luz ele aproximou-se da porta: tal é o modo como se aproximou a perdição —, ao mesmo tempo os elementos tremeram todos. E os alicerces do inferno e as abóbadas do caos se abalaram. Grande fogo irrompeu no meio deles e os rochedos e o solo se abalaram como caniço agitado pelo vento. E os lotes do Himarmene e aqueles que medem as casas abalaram-se fortemente sob grande (estrondo de) [[gnosticismo:bnh:trovao:start|trovão]]. E os tronos das Potestades se abalaram, deslocando-se, e seu rei teve medo (p. 43,4-17). A p. 48 também apresenta ecos de simbolismo bíblico. Após uma passagem corrompida, que fala de despojamento do caos e das trevas, o texto prossegue: Eu me revesti de tudo isso e disso me despojei (Eu) o revesti de luz brilhante, isto é, o conhecimento do pensamento da paternidade. E eu o transmiti àqueles que dão a (túnica): Amon, Elassô, Aménai, e eles o revestiram de uma túnica (d) entre as túnicas de luz. E eu o transmiti àqueles-que-batizam. E eles o batizaram: Miqueu, Micar, Mesinu. E eles o mergulharam na fonte da água da vida (p. 48,11-21). {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}