===== EVANGELHO DOS EGÍPCIOS ===== Biblioteca de [[gnosticismo:bnh:start|Nag Hammadi]] — [[gnosticismo:bnh:evangelho-dos-egipcios:start|Evangelho dos Egípcios]] ==== Obra ==== - Le Livre sacré du Grand Esprit invisible ==== Apresentação (excertos resumidos) retirada da introdução da tradução de Alexander Bölig e Frederik Wisse, da compilação de James Robinson ==== O assim chamado Evangelho dos Egípcios está preservado em duas versões cópticas que froam traduzidas independentemente do grego. Não se relaciona com o apócrifo Evangelho dos Egípcios que é citado na literatura patrística. Esta obra que também se intitula “O Santo Livro do Grande Espírito Invisível”, é um escrito esotérico do tipo setiano de [[gnosticismo:start|Gnosticismo]] mitológico. Pode ser descrita como uma obra que apresenta a história gnóstica da salvação. Posto que o mitológico e celestial Set é representado como o [[philokalia:philokalia-termos:pais:start|pais]] da raça gnóstica, é apropriado que o tratado o liste com o autor deste livro divinamente inspirado. O tratado se divide em quatro seções: a primeira sobre a [[gnosticismo:bnh:origem-do-mundo:start|Origem do Mundo]] celestial; a segunda discute a origem, preservação e salvação da raça de Set; a terceira é um hino; e a quarta contem um relato conclusivo da origem setiana e da transmissão do tratado. ==== O Evangelho dos Egípcios (III,2) ==== O título deste tratado, na realidade, é "O (santo) livro dos Egípcios a propósito do Grande Espírito Invisível, o [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]]", título que abre e fecha o escrito. Isso significa que este tratado nada tem em comum com o Evangelho dos Egípcios, bem conhecido na literatura apócrifa. Trata-se aqui de obra gnóstica de mitologia, atribuída ao Set celeste, pai da raça setiana, cuja origem é justamente relatada pelo texto. Do ponto de vista de seu conteúdo, o texto pode ser dividido em duas partes principais, sobre a origem mítica do mundo e de Set: — p. 40,12-55,16: a origem do mundo celeste; — p. 55,16-66,8: a origem, a preservação e a salvação da raça de Set, para a qual Set reaparece em Jesus e cumpre função cósmica. As páginas 66,8-67,26 constituem um hino de encantamento e as páginas 68,1-69,17 apresentam relatório da origem dos [[gnosticismo:escolas-gnosticas:setianos:start|Setianos]] e da transmissão do tratado. O tratado não apresenta nenhum relato sobre a queda de Sofia. Em contrapartida, apresenta longa enumeração dos componentes míticos do Pleroma. Por exemplo, na p. 49,22-50,17: O homem louva o Grande Espírito invisível, incompreensível e virginal, a virgem-macho, o [[biblia:figuras:pai-mae-filho:filho:start|Filho]] três vezes macho, a virgem-macho Ioel, Esefech, a maravilhosa, filho do filho e coroa de sua glória, o grande Doxemedão-Eão, os tronos que estão nele, as Forças que o cercam, as Glórias e os Incorruptíveis e o seu Pleroma inteiro, que já mencionei, e a terra etérea, que recebe [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]], onde o santo homem da grande luz recebe (sua) imagem, o homem do Pai, do Silêncio, do Silêncio Vivente, o Pai e todo o seu Pleroma, como já indiquei. Set é enviado ao mundo como salvador (p. 62,24-64,9): Então o Grande Set foi enviado pelos quatro Luminares, pelo bem querer do Autógeno e todo o Pleroma, segundo o dom e o bom grado do Grande Espírito invisível, dos cinco Selos e do Pleroma inteiro. Passou através das três parusias que mencionei — o [[biblia:tipologia:noe:diluvio:start|dilúvio]], a conflagração e o juízo dos [[gnosticismo:gnose:arcontes:start|Arcontes]], das Forças e das Autoridades — para salvar a raça perdida, por meio da reconciliação do mundo e pelo batismo, através do corpo do [[philokalia:philokalia-termos:logos:start|logos]] gerado, que o grande Set preparou para si mesmo secretamente na virgem, de modo que os santos possam ser gerados pelo [[biblia:figuras:espirito-santo:start|Espírito Santo]], pelos símbolos secretos invisíveis, por reconciliação do mundo com o mundo, pela renúncia ao mundo e aos [[biblia:figuras:divindade:deuses:start|deuses]] dos treze Eões, pelas assembleias dos santos, dos Indizíveis e das Matrizes incorruptíveis e pela grande luz do Pai, que preexistiu com sua Providência e que estabeleceu por meio dela o santo batismo, que supera os céus, pelo incorruptível Logos gerado, Jesus Vivente, aquele que o Grande Set designou. E, através dele, imobilizou as Forças dos treze Eões e determinou aqueles que são gerados e levados. Ele os cingiu com a armadura da gnose dessa verdade e com uma força invencível de incorruptibilidade. Por vezes, o texto resvala para o gênero hínico. Eis um exemplo, um hino encantador (p. 66,9-22). Verdade de verdade! Ó Iesseus Mazareus Iessedekeus! Ó água viva! Ó filho do filho! Ó nome glorioso! Verdade de verdade! Eão da existência! Iiii êêêê eeee oooo uuuu ôôôô aaaaa! Verdade de verdade! Êi aaaa ôôôô! Ó Existente que vê os Eões! Verdade de verdade! Aee êêê iiii uuuuuu ôôôôôôôô, que és eternamente eterno! Verdade de verdade! Iêa aiô, no coração, que existe, u aei eis aei, ei o ei ei os ei! Por fim, a subscrição do escriba, Eugnosto-Congessos (Concessus), permite-nos entrever como o redator (ou copista) situava-se a si próprio nessa revelação (p. 69,6-20): O Evangelho dos Egípcios. O livro [[biblia:figuras:divindade:divino:start|Divino]], santo, secreto. Graça, inteligência, compreensão e prudência àquele que o escreveu, Eugnosto, o bem-amado segundo o Espírito, segundo a carne meu nome é Congessos, e a meus companheiros nas luzes da incorruptibilidade. Jesus [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]], Filho de Deus, Salvador, ICHTUS. O santo livro do Grande Espírito invisível é escrito por Deus. Amém. ==== Notas ==== {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}