===== DIÁLOGO DO SALVADOR ===== Biblioteca de [[gnosticismo:bnh:start|Nag Hammadi]] ==== O Diálogo do Salvador (III,5) ==== Este tratado se apresenta como diálogo bastante rápido entre o Senhor e seus discípulos, especialmente [[biblia:figuras:nt-personagens:discipulos:judas:start|Judas]], [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:discipulos-de-jesus:mateus:start|Mateus]] e Mariam. Esse quadro narrativo bastaria para estabelecer o caráter cristão do escrito, mas a proximidade com a literatura cristã vai mais longe: o texto parece construído sobre uma fonte de ditos do Senhor próxima da fonte "Q" dos [[evangelho-de-jesus:evangelhos:start|Evangelhos]] ou da coleção subjacente a [[gnosticismo:bnh:evangelho-de-tome:start|Evangelho de Tomé]] O texto está muito mal conservado e a leitura da maior parte das páginas é mais conjectural, pois elas estão reduzidas a um décimo de seu conteúdo. O argumento principal das exposições do Salvador gira em torno do momento escatológico da ascensão da alma. Para começar, Jesus tranquiliza os seus sobre a passagem diante dos [[gnosticismo:gnose:arcontes:start|Arcontes]], pois ele já abriu o caminho para o [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]] (p. 120,1-121,2). A cosmologia ocupa largo espaço nessas exposições. Com efeito, segundo o autor, a reflexão sapiencial sobre o mundo e os sinais que ele dirige ao homem permitem entrever a obra criadora do [[philokalia:philokalia-termos:logos:start|logos]] (p. 127,19-128,23; 129,16-131,18; 132,19-133,24). Partindo dessa meditação cosmológica, o texto privilegia [[ate-agostinho:clemente:excertos-teodoto:excertos-de-teodoto-texto:a-gnose:start|A Gnose]], que dá o repouso, em detrimento do batismo com água, que apenas realizou a passagem da morte à vida. Quem desconhece as coisas da perfeição não compreende nada. Se alguém não se eleva nas trevas, não poderá ver a luz. Se alguém ignora como nasceu o fogo, se queimará, porque não conhece suas raízes. Se alguém começa desconhecendo a água, não sabe nada, pois para que lhe serve ser batizado? Se alguém desconhece o vento que sopra, sua origem, se dispersará com ele. Se alguém desconhece o corpo que carrega, sua origem, perecerá com ele (...). E todas as coisas permanecerão ocultas para quem não reconheceu sua raiz. Quem não reconhecer a raiz da maldade não ficará estranho a ela. Quem não reconhecer como veio não pode compreender como irá e não será estranho ao mundo, que (perecerá) e será rebaixado (p. 133,21-134,24). O fim do tratado, p. 137,3-147,23, desenvolve o tema da vitória da alma sobre os arcontes, quando de sua elevação ao céu. ==== Notas ==== {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}