===== GENEALOGIA DE JESUS CRISTO ===== [[evangelho-de-jesus:start|Evangelho de Jesus]] — [[evangelho-de-jesus:genealogia-de-jesus-cristo:start|Genealogia de Jesus Cristo]] (Mt I,1-17, Lc III,23-38) EVANGELHO DE JESUS: Mt 1:1-17; Lc 3,23-38 Nos primeiros 17 versos de [[evangelho-de-jesus:evangelho-personagens:discipulos-de-jesus:mateus:start|Mateus]] é traçada uma genealogia de Jesus, com 42 antepassados em três etapas de 14 gerações cada: de [[biblia:figuras:abraao:start|Abraão]] a Davi, depois até o cativeiro dos israelitas na Babilônia, e finalmente chegando a José, o esposo de [[biblia:figuras:nt-personagens:maria:start|Maria]]. Que sentido espiritual pode ter esta descrição detalhada? Que significado podem ter os números aplicados e os nomes citados? Tudo deve estar indicando algo a respeito da constituição Daquele que se apresenta como nosso Salvador pessoal. Do mesmo modo, outra genealogia de Jesus nos é dada no início do [[evangelho-de-jesus:evangelhos:evangelho-de-lucas:start|Evangelho de Lucas]]. Esta genealogia, por sua vez, não é a mesma dada em Mateus. Em Lucas são nomeados 54 antepassados de Jesus a montante (em Mateus a lista culmina em Jesus), e, em Lucas, a partir de Davi se segue a lista por Natan, ao invés de [[biblia:tipologia:salomao:start|Salomão]], como em Mateus. Fica a questão, ainda mais reforçada por esta genealogia "diferente", porque no anúncio da "Boa Nova" se relacionam sucessivas gerações (não uma em seguida a outra no tempo), de progenitores Daquele que Roberto Pla nos apresenta como o [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]] "oculto", o [[biblia:figuras:pai-mae-filho:filho:start|Filho]] do homem que todo homem leva em si mesmo, a única luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo ([[evangelho-de-jesus:no-principio-era-o-verbo:no-principio-era-o-verbo-4-9:jo-19:start|Jo 1,9]]). Poderia cada nome, originalmente em aramaico (língua derivada do hebraico), onde os nomes têm um sentido próprio (por vezes mais de um sentido, inclusive de acordo com o gematria), indicar algo sobre o caminho até o "nascimento" de Jesus no homem, através de Maria em sua "imaculada concepção", revelação oculta e pessoal de Cristo para todo aquele que percorreu esta "genealogia". Se atentarmos para a citação abaixo de Roberto Pla, fica ainda mais claro que a genealogia de Jesus deve estar de fato se referindo a algo como uma sucessão de "condições" ou "trabalhos", "nomeadas" segundo cada progenitor, a serem efetivados para que finalmente a "virgem" em nós, a parte mais pura de nossa alma, possa ser "coberta" pela sombra do [[biblia:figuras:espirito-santo:start|Espírito Santo]], em total submissão, como serva de [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]], concebendo Jesus: "Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus." (Lc 1,35). --- ! [[ate-agostinho:origenes:start|Orígenes]]: HOMÉLIES SUR SAINT LUC XXVIII — LA GÉNÉALOGIE DU SAUVEUR Romano [[estudos:guardini:start|Guardini]]: ORIGEM === Jean Tourniac: OS TRAÇADOS DE LUZ (tradução Antonio Carneiro) === Não devemos ver uma teofania do Shadai nessas três vezes quatorze gerações que vão de Abraão ao Cristo segundo o [[evangelho-de-jesus:evangelhos:evangelho-de-mateus:start|Evangelho de Mateus]]? Teofania que simboliza a « Terra prometida » descoberta pelos israelitas após três vezes quatorze estações no deserto, após [[biblia:tipologia:moises:start|Moisés]]. Remeteremos para esta exegese à 27ª [[philokalia:philokalia-termos:homilia:start|homilia]] sobre os Números de Orígenes. Poder-se-á sem dúvida [[evangelho-de-jesus:sermao-da-montanha:julgar:start|JULGAR]] pueril e pouquíssimo segundo a hermenêutica judaica cristã a aproximação que estabelecemos assim entre a genealogia de Jesus e os números constitutivos de Schadai, dispostos deste modo. Entretanto, faremos observar que a tradição judaica não hesita em usar do mesmo modo tanto a propósito das três palavras de quatorze letras do « Schema [[philokalia:philokalia-termos:israel:start|Israel]] »: “Adonai Elohenou Adonai”, nos quais vê o “schin” de valor 3 ou 300, e o “dai” de valor 14 (cf. « Zohar » III 243 b/230 b/231 a) e o número do Metatron « vestimenta de Schadai », quanto à propósito da disposição dos laços e caixas dos filactérios. [[estudos:abade-stephane:start|Abade Stephane]] A questão das duas genealogias do Cristo apresenta algumas dificuldades cuja solução conduz a notas interessantes. Pode-se afirmar que Mateus apresenta a genealogia "legal" e Lucas a genealogia "natural". Sendo a primeira referente a [[biblia:figuras:nt-personagens:sao-jose:start|São José]] a segunda a Maria. Embora aparentemente se refiram ambas a José, não se deve esquecer que José e Maria seriam primos, e com certas considerações levando em conta que entre os nomes citados Heli, Heliakim e Joaquim ([[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]] de Maria), seriam sinônimos. Ambas as genealogia tem Davi como ponto de referência comum por uma série diferente de nomes, o que confirmaria a proposição de uma genealogia legal e outra natural. Assim os evangelistas dariam a genealogia de Jesus sob dois aspectos diferentes, apresentando-o como herdeiro de Davi não somente legal, mas natural. Mas do ponto de vista teológico as duas exprimem a sua maneira o [[philokalia:philokalia-termos:dogma:start|dogma]] das duas naturezas do Cristo: a natureza divina e a natureza humana, unidas na Pessoa do [[biblia:figuras:verbo:start|Verbo]]. A genealogia legal corresponde à natureza divina posto que parte de Abraão, pai do Povo eleito, e se situa por consequência na ordem da Graça. Enquanto isso a genealogia natural remonta a Adão e se situa na ordem natural. Michel Henry: EU SOU A VERDADE A esta genealogia de Jesus que ocupa o lugar inicial no texto dos [[evangelho-de-jesus:evangelhos:start|Evangelhos]] de Mateus e Lucas, há uma ratificação imediata que se segue, muito pouco notada. Não é São José, tanto em Mateus quanto em Lucas, que é o pai do Cristo. Estranha genealogia que só é exposta para ser refutada em seguida. E a condição da Virgem que tanto embaraçou os teólogos, a ponto deles não verem outra solução a este embaraço que a formulação de um artigo de fé — este artigo portanto não poderia de maneira alguma significar a manutenção oblíqua e a reafirmação da genealogia humana de Jesus, se é verdade que a Virgem só deve portar o Filho pela intervenção do Espírito Santo, quer dizer de Deus. Que ela seja objeto de embaraço da parte dos crentes, de ironia da parte do incrédulos, a afirmação da virgindade de Maria oculta mal, atrás de seu conteúdo aparentemente absurdo, a tese essencial do cristianismo, a saber: nenhum homem não é filho de um homem, e menos ainda de uma mulher, mas somente de Deus. A genealogia humana do Cristo não é tal, tão modesta ou tão insignificante, que possa ser descartada com um abano de mão. Aí não se encontra, ao lado do último nomeado, um humilde carpinteiro que não é justamente o pai de Jesus, ancestrais prestigiosos, profetas e mais que profetas, fundadores da religião na qual Jesus foi formado: Davi, Abraão, para não citá-los apenas? O que é estupeficante então e não poderia de deixar de aparecer como tal às religiões de seu tempo, é ver o Cristo empreender deliberadamente de se comparar a estas colunas, poderia se dizer, do judaísmo. E isso a fim de mostrar sem equívoco a infinita superioridade de sua própria essência sobre a sua: sua condição de Arque-Filho precisamente no sentido que dissemos, ou seja sua igualdade com Deus. Textos terríveis e magníficos confirmam a rejeição de toda genealogia humana do Cristo assim como o conjunto de relações fundadas sobre ela não pode se compreender sem um retorno a seu princípio posto a nu. «Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?» E estendendo a mão para os discípulos, disse: «Eis minha mãe e meus irmãos. Pois quem quer que faça a vontade de meu Pai que está nos céus, é ele que é meu irmão e minha irmã e minha mãe» Mt 12, 48-50). A subversão da ordem humana fundada sobre a genealogia humana é total, remetendo não menos evidentemente a uma outra ordem, àquela da genealogia verdadeira: «Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Mt 10:34-38). Sob o caráter em aparência ético destas prescrições se afirma uma fenomenologia: é porque o pai humano, com a constelação das relações construídas ao redor dele, não é ele mesmo senão aparente e fracassa. Mas o pai humano não é um pai aparente senão porque é um pai mundano: é porque a vida não se mostra no mundo que nenhuma geração aí não se produz e que no mundo nenhum pai não é nele um, não mais que nenhum filho. Meditações Tarô Outro exemplo do simbolismo da espiral, enquanto arcano do crescimento, é a preparação da vinda de Cristo na história. O Evangelho segundo Mateus faz dela uma espécie de genealogia de Jesus, resumida numa única frase: "De Abraão até Davi, quatorze gerações; de Davi até o exílio na Babilônia, catorze gerações; e do exílio na Babilônia até Cristo, quatorze gerações (Mt 1,17). Eis aí a espiral da história da preparação da vinda de Cristo, espiral de três círculos ou "passos", cada um de catorze gerações. O primeiro círculo ou "passo" da espiral é aquele no qual a tríplice impressão dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó — impressão do alto, correspondente ao sacramento do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo — tornou possível a revelação e a aliança do monte Sinai e chegou ao estado em que a Lei se tornou alma numa pessoa humana, a de Davi. Porque foi em Davi que os mandamentos e as ordenações da Lei revelada "com trovões, relâmpagos e uma espessa nuvem sobre a montanha . . . ao povo amedrontado", se interiorizaram ao ponto de se tornarem amor e consciência, coisas do coração atraído pela verdade e beleza deles. Em Davi a Lei se tornou alma: por isso, também as suas transgressões deram lugar, na alma, a uma força nova, a penitência interior. O primeiro "passo" da espiral, as catorze gerações de Abraão até Davi, corresponde, pois, ao processo de interiorização, que se verificou desde o sacramento do batismo (os três patriarcas), passando pelo sacramento da confirmação (a Aliança no deserto do Sinai), até o sacramento da penitência. O segundo círculo ou "passo" da espiral, as catorze gerações de Davi até a deportação para Babilônia, é a escola de Davi, a escola da penitência interior, a qual alcançou seu fim exterior, a expiação, a deportação para Babilônia. O terceiro círculo ou "passo" da espiral, as catorze gerações da deportação em Babilônia até Cristo, corresponde ao que se passa espiritualmente entre o último ato do sacramento da penitência — a absolvição — e o sacramento da Sagrada Comunhão ou [[evangelho-de-jesus:atos-de-jesus:eucaristia:start|Eucaristia]], o da presença e recepção de Cristo. {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}