===== ALMA E CORPO (COP) ===== === *Orígenes e Plotino (COP)* === === Capítulo IV: A Humanidade === === A alma e o corpo (L'âme et le corps) === Por duas vezes [[ate-agostinho:origenes:start|Orígenes]] define o homem pela alma: no Peri Archon, “Me refiro aos homens, almas que usam corpos"; no Contra Celso: "O homem então, a alma usando um corpo". Destas passagens podem se tirar várias conclusões: embora Orígenes fale das almas dos animais, estas são sem comparação com as dos homens; dada a polivalência do termo “corpo” em Orígenes, ele se refere ao corpo terrestre, ou esta definição se aplicaria também aos corpos etéreos. Tanto no [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]] como no homem Orígenes vê antes de tudo a alma. O corpo está a serviço do homem como uma besta de carga (iumentum) e ajuda a alma; Sua função é instrumental, acessória, Diferentemente de [[ate-agostinho:irineu:start|Irineu de Lião]] que vê a Imagem ([[philokalia:philokalia-termos:eikon:start|eikon]]) de [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]] no [[biblia:figuras:verbo:start|Verbo]] Encarnado, presente por toda a eternidade ([[philokalia:philokalia-termos:aion:start|aion]]) nos desígnios de Deus, e assim atribui ao composto humano sua participação ([[philokalia:philokalia-termos:methexis:start|methexis]]) nesta imagem (eikon), Orígenes faz do Verbo somente no seu ser [[biblia:figuras:divindade:divino:start|Divino]] a “imagem (eikon) invisível do Deus invisível” e não põe sua participação (methexis) no homem a não ser na alma ou melhor em sua parte ou tendência superior, a inteligência ([[philokalia:philokalia-termos:nous:start|nous]]), coração ou faculdade hegemônica. O "segundo à imagem (eikon)" do homem não se aplica ao corpo, pois Deus não é corporal, apesar dos antropomorfismos bíblicos atribuindo a Deus e à alma humana membros corporais. A dignidade da imagem (eikon) emerge indiretamente sobre o corpo, pois este é o santuário que abriga o "segundo à imagem (eikon)". Com mais razão o corpo de Jesus, seja histórico ou da Igreja que é também sue corpo, beneficia da mesma dignidade de conter a Imagem (eikon) de Deus. A alma do homem é radicalmente diferente da de todos os animais; a razão é que "a alma humana foi criada à imagem (eikon) de Deus", e que é impossível "para sua natureza moldada à imagem (eikon) de Deus de perder absolutamente todos estes caracteres e recuperar outros, à imagem (eikon) de não sei o que, nos seres sem razão". Os seres razoáveis que são as criaturas principais desempenham o papel de crianças postas no mundo, os seres sem razão e inanimados, aquele da placenta criada com o embrião (imagem (eikon) de Crisipo). Não se encontra em Orígenes discussão sobre os papeis respectivos da alma e do corpo nas paixões. Porque depois da queda das inteligências pré-existentes o corpo somente do homem revestiu uma qualidade terrestre e porque o homem foi posto no mundo sensível no qual o estado novo de seu corpo lhe fazia conatural? Ele foi posto aí porque era curável, como em um lugar de provação. Isto abre toda a problemática da relação da corporeidade sensível com o pecado ([[philokalia:philokalia-termos:hamartia:start|hamartia]]). Os historiadores de religião acham em Orígenes um certo dualismo entre Deus e a lei, que une o pecado à matéria. Os patrólogos, para quem, segundo Orígenes, a soberania absoluta de Deus não pode admitir nada a seu lado que possa parecer uma lei de natureza independente de sua vontade, discordam mas sem unanimidade. Para Orígenes é com uma intenção particular que Deus tornou material o corpo daqueles que pareciam curáveis e criou com a mesma intenção este mundo sensível: os homens sendo postos neste mundo "para aí serem exercidos". Este exercício só pode ser entendido segundo a noção de pecado (hamartia) de Orígenes. O pecado consiste no apego ao mundo sensível, bom em si mesmo posto ser a imagem (eikon) das realidades celestes e criado por Deus, mas cuja meta essencial é de nos mostrar a direção destas realidades celestes e por sua beleza ([[philokalia:philokalia-termos:kallos:start|kallos]]) delas nos dar o desejo. Apegar-se à imagem (eikon) como se fosse o absoluto que a alma busca, a tomar por meta enquanto não passa de meio, indicador por assim dizer, esquecer por ela seu modelo divino, é o pecado. Assim todo pecado é idolatria, do mesmo modo que todo pecado é um adultério em direção ao Esposo divino, o Cristo: tal é o aspecto teocêntrico. {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}