===== ABBA ===== [[estudos:ernst-benz:pai:start|Pai]] — [[biblia:figuras:abba:start|Abba]] Joachim Jeremias: Excertos de "A Mensagem central do Novo Testamento" [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]] "Pai" no [[biblia:at:start|Antigo Testamento]] No Oriente Próximo, por mais que retornemos no tempo, sempre se encontra, familiar, a ideia mitológica do deus pai da humanidade ou de certos seres humanos. Povos, tribos e famílias se dizem proceder de um ancestral [[biblia:figuras:divindade:divino:start|Divino]]. É particularmente ao rei, enquanto representante do seu povo, que se atribui uma parte especial da dignidade e do poder de um pai divino. Toda vez que a palavra "pai" é usada para a [[biblia:figuras:divindade:start|Divindade]] neste contexto, implica a paternidade no sentido de [[evangelho-de-jesus:logia-jesus:logia-jesus:autoridade:start|Autoridade]] incondicional e irrevogável. Estes são fatos muito conhecidos na história das religiões, mas o que é menos conhecido é que muito cedo já a palavra "pai", enquanto epíteto atribuído à divindade, está carregada de uma tonalidade particular. Num célebre hino sumério e acádico de Ur, o deus Lua, Sin, é invocado como "Pai misericordioso em suas disposições, que retém em sua mão a vida de todo o país". E do deus sumério-babilônico Ea se diz: Sua cólera é como o [[biblia:tipologia:noe:diluvio:start|dilúvio]], Ele se reconcilia como um pai misericordioso. Para os orientais, por mais que recuemos no tempo, a palavra "pai" aplicada para Deus evoca de certo modo o que a palavra "mãe" significa para nós. Isto ainda é mais verdade no Antigo Testamento. Aí, raramente se chama a Deus de "pai", apenas catorze vezes, mas cada uma delas é importante. Para começar, quando Deus é chamado de "pai", ele é honrado como criador: Não é ele, porventura, teu pai, que te fez seu, que te formou e te consolidou? (Dt 32,6). Porventura não é um mesmo o Pai de todos nós? Não é um só Deus que nos criou? (Ml 2,10). Como criador, Deus é o Senhor. Ele pode esperar receber a obediência em homenagem. Por outro lado, sendo um pai, Deus é considerado misericordioso: Como um pai se compadece dos filhos, assim dos que o temem se apieda o Senhor. Pois ele bem conhece de que massa somos feitos: recorda-se que somos pó (SI 103,13s). Porque Deus é o criador, está cheio de indulgência paternal para com a fraqueza de seus filhos. É evidente que todas estas citações do Antigo Testamento refletem o velho conceito oriental da paternidade divina. Há, porém, diferenças fundamentais. O fato de que no Antigo Testamento Deus não é o ancestral, mas o criador, não é a menor. E o que é ainda mais importante: no Antigo Testamento, a paternidade divina atribui-se só a [[philokalia:philokalia-termos:israel:start|Israel]] e de uma maneira que não encontra nenhum equivalente. Israel tem uma relação toda particular com Deus. Israel é o primogênito de Deus, escolhido entre todos os povos (Dt 14,1s). Além disto, esta eleição de Israel como [[biblia:figuras:pai-mae-filho:filho:start|Filho]] primogênito de Deus se originava, cria-se, num fato histórico concreto: o êxodo do Egito. Associar a paternidade de Deus com um fato histórico implica uma profunda revisão do conceito de Deus como Pai. A certeza de que Deus é Pai e Israel seu filho não se funda no mito, mas em um ato único de salvação realizado por Deus, do qual Israel foi o alvo na história. {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}