===== ORIGENES PRINCIPIIS ===== [[ate-agostinho:origenes:start|Orígenes]] — Peri Archon, De Principiis, Orígenes De Principiis,Tratado dos Princípios Traité des principes Segundo a versão francesa de [[estudos:crouzel:start|Henri Crouzel]] e Manlio Simonetti Obra teológica enquadrada no meio filosófico da época (225-230), platonismo médio e neoplatonismo. Primeira obra de Orígenes, da qual só nos resta a tradução latina de Rufino, na íntegra, cujo original foi "adulterado" na tradução. Existe também trechos dispersos em escritos de outros padres, em especial na Filocalia de Orígenes, organizada por [[ate-agostinho:basilio:start|Basílio]] de Cesaréia e [[ate-agostinho:gnazianzo:start|Gregório de Nazianzo]]. Abaixo o índice de tópicos, a partir do qual faremos alguns extratos traduzidos; a mesma estrutura de tópicos pode ser vista em um esquema resumo; tudo foi feito a partir dos Livros I e II, na tradução francesa publicada pela Sources Chrétiennes. Segundo esta versão realizada por Henri Crouzel e Manlio Simonetti, buscou-se um plano da obra em conformidade com as investigações já desenvolvidas por B. Steidle: as três Pessoas, as criaturas razoáveis, o mundo, de I,1 a II,3; mais longamente com uma apêndice sobre as Escrituras, de II,4 a IV,3; enfim brevemente na recapitulação. Este seriam os três estados do curso dado por Orígenes em Alexandria. Houve uma tentativa de aproximação da estrutura do Peri Archon dos [[ate-agostinho:clemente:stromata:start|Stromata]] de [[ate-agostinho:clemente:start|Clemente de Alexandria]] e das Enéades de Plotino. Esta comparação de Orígenes e Plotino vem sendo feita inclusive pelo próprio tradutor destes tratados Henri Crouzel. A ordem dos tratados origeneanos em cada uma das duas séries é paralela em sentido inverso àquele da seis Enéadas que concernem respectivamente: 1) a moral, 2) e 3) o mundo, 4) a alma, terceira hipóstase, 5) a inteligência, segunda hipóstase, e as Ideias que ela contém, 6) o ser, Uno ou Bem, primeira hipóstase. Tudo que nos resta do Tratado dos Princípios nos foi passado pelos tradutores e copistas dos séculos IV ao VI. Torna-se difícil compreender as intenções de Orígenes, teólogo e ekklesiastikos do século III, através deste filtro “crítico” de gerações posteriores a seu tempo, com preocupações diversas. A Igreja minoritária e perseguida do tempo de Orígenes torna-se dominante e o Império cristão. O Cristianismo se organiza. As questões de estrutura eclesial e de [[evangelho-de-jesus:logia-jesus:logia-jesus:autoridade:start|Autoridade]] tomam mais lugar. A regra de fé é precisada, expressa em declarações escritas, e tende a se impor como lei civil. A herética se torna um inimigo público. Assim se repassa Orígenes, condenando-o muitas vezes por não tratar adequadamente de problemas tão distintos daqueles de seu tempo. Uma modificação de mentalidade é acentuada no tocante à filosofia. O grande esforço de conversão da intelligentsia assumido nos séculos II e II pela escola de Alexandria, não tinha mais cabimento. Nem Rufino, nem os detratores de Orígenes têm a filosofia como sua preocupação. A cultura da época, para [[ate-agostinho:jeronimo:start|Jerônimo]], não representava um desafio de conversão. A própria linguagem filosófica, especialmente a linguagem platônica, não era mais compreendida. Além do mais Rufino e Jerônimo são latinos, não gregos, o que se faz notar em suas versões latinas das obras de Orígenes, acentuando aspectos disciplinares e judiciários, e o moralismo, pelo viés de suas traduções do grego. As heresias que preocupavam Orígenes e contra as quais argumentava, não são as mesmas nos séculos IV a VI, na “retransmissão” de Orígenes. As heresias visadas pelo Peri Archon são as da tríade [[gnosticismo:escolas-gnosticas:valentino:start|Valentino]]-[[gnosticismo:escolas-gnosticas:marcion:start|Marcion]]-Basilide. Eles opõem entre eles os dois Testamentos e os [[biblia:figuras:divindade:deuses:start|deuses]] que os inspiram: daí a insistência de Orígenes sobre a unidade e a alegoria escriturária que dela decorre. A Valentino se condena a doutrina das três naturezas de almas e sua predestinação estrita: Orígenes reponde afirmando o livre arbítrio e a igualdade original das almas. E assim por diante... Orígenes se opõe, no seio da Grande Igreja (v. Igreja, como uma distinção aparte), àqueles que denomina “os mais simples” e que poderia se caracterizar de três maneiras: antropomorfistas, tomam à letra os antropomorfismos bíblicos e dão a [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]] um corpo: contra eles é afirmada a incorporeidade absoluta da [[biblia:figuras:divindade:start|Divindade]]; os milenaristas, que creem no Apocalipse 20, 1-10, ou seja, um reino de mil anos do [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]] e de seus santos na Jerusalém terrestre, antes da ressurreição final segundo uma concepção materialista: em oposição a eles Orígenes formula sua doutrina tão caluniada da ressurreição; os literalistas, que guardam o sentido literal do [[biblia:at:start|Antigo Testamento]], até o absurdo: Orígenes os combate com sua doutrina da alegoria escriturária. {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}