===== Gregório NISSA MOISES ===== S. [[ate-agostinho:gnissa:start|Gregório de Nissa]] — Vida de [[biblia:tipologia:moises:start|Moisés]] Os escritos de Gregório de Nissa versam sobre sua noção de “sentidos espirituais”, distintos de outras formas de percepções criadas, os quais tornam [[biblia:figuras:divindade:deus:start|Deus]] acessível ao homem. Na Vida de Moisés, usando o relato bíblico como uma parábola da ascensão espiritual cristã, descreve como este encontro com Deus ocorre “na nuvem”, ou seja, sem a ajuda de uma visão criada, pois Deus é totalmente invisível e incompreensível aos olhos criados, e inacessível a mente criada ([[philokalia:philokalia-termos:apophasis:start|apophasis]]). No entanto Ele é visível e perceptível pelo homem, quando pelo batismo e pela purificação ascética, pelo esforço e virtudes, é capaz de adquirir os “sentidos espirituais”, que lhe permitem perceber o Uno, através da comunhão com o [[biblia:figuras:nt-personagens:cristo:start|Cristo]] e o [[biblia:figuras:espirito-santo:start|Espírito Santo]]. (J. [[philokalia:philokalia-estudos:jean-meyendorff:start|Meyendorff]], prefácio a The Life of Moses, Abraham Malherbe & Everett Fergunson. Paulist Press, 1978) Na excelente introdução de sua tradução da "Vida de Moisés, Abraham Malherbe e Everett Ferguson, consideram que a obra deve ter sido escrita nos anos 390 AD, Gregório já em idade avançada. Uma doutrina madura da vida espiritual se descortina, com ênfase na [[evangelho-de-jesus:encarnacao:start|encarnação]], e sobremaneira ancorada em textos bíblicos. Na edição de Werner Jaeger das obras de Gregório, são reunidas na denominada Opera Acetica: De instituto Christiano, Da Profissão Cristã, Da Perfeição, Da Virgindade e a Vida de Macrina. A Vida de Moisés, Dos Títulos dos [[oracao:psalterium:salmos:start|Salmos]], Homilias sobre o Eclesiastes, Da [[oracao:start|Oração]] do Senhor, Das Beatitudes e Do Cântico dos Cânticos são obras tratadas geralmente em separado, como lidando com os aspectos "místicos" da vida espiritual, tomando o texto escriturário como ponto de partida. A "perfeição de acordo com a virtude" pode ser considerado o tema não somente da Vida de Moisés mas também do "Da Perfeição" e "Da Profissão Cristã". Dos demais trabalhos exegéticos, a Vida de Moisés tem muito em comum com o comentário dos Cânticos. Estas obras parecem pertencer a um mesmo período da vida de Gregório. Daniélou põe a Vida de Moisés entre o "Do Cântico" e "Da Perfeição", e Jaeger a vê como precedendo imediatamente De instituto Christiano, que considera o clímax dos escritos espirituais de Gregório. As mesmas ideias complexas recorrem em todos os escritos de Gregório. Daí a genuinidade da Vida de Moisés nunca foi questionada. O tratado se dirige a Cesário, que tudo indica ser um monge, procedendo de um tempo em que Gregório era reconhecido pelos ascetas da Ásia Menor como um mestre da vida espiritual. O tratado tem seu lugar como parte de um programa de Gregório de prover compreensão ideológica ao movimento monástico organizado por [[ate-agostinho:basilio:start|Basílio]]. A Vida de Moisés tem a forma de um [[philokalia:philokalia-termos:logos:start|logos]], ou seja é um tratado formal, lidando com a "Perfeição na Virtude". Pode ter sido projetado para leitura em voz alta na morada dos ascetas. Há quatro seções: - (1) Prefácio, ou carta de introdução; - (2) História (gr. historia), ou paráfrase da história bíblica; - Segundo o [[estudos:abade-stephane:start|Abade Stephane]] não se trata de uma história profana; seria todavia o denominaríamos uma "história santa", uma exegese literal edificante. - (3) Contemplação (gr. [[philokalia:philokalia-termos:theoria:start|theoria]]), ou sentido espiritual da narrativa escriturária, que é a principal preocupação; - Onde a história de Moisés se torna símbolo do itinerário místico da alma. Os episódios maiores são a Sarça Ardente e a ascensão do Sinai; a estrutura geral da vida espiritual comporta então a purificação da vida carnal, depois a iluminação, e enfim o mistério do Ser inacessível que se persegue indefinidamente. - (4) Conclusão. A abordagem em historia e theoria era comum na instrução catequética. O importante é a hermenêutica que elucida toda uma simbologia como por exemplo: "o sexo feminino como símbolo do mundo sensível e das paixões"; "a virtude como a 'via real' que conduz o homem espiritual à montanha santa"; a ascensão da montanha é uma "mistagogia" onde Moisés é iniciado nos mistério do Sacerdócio. NO curso de sua ascensão, Moisés penetra nas Trevas, quer dizer na transcendência da Essência divina em relação a todo espírito criado: a alma, em busca de Deus, crê então o alcançar nas luzes que dele recebe, até que, de desafio em desafio, acaba por compreender que ver Deus consiste em não ver e é nesta demanda ela mesma que reside o conhecimento daquele que supera todo conhecimento. O Abade Stephane considera que seria insuficiente ficar nesta exegese puramente espiritual, de inspiração platônica, e justamente Gregório vai além a "cristianizando" ou "batizando" por meio de outra exegese já incipiente no NT e nos primeiros Padres da Igreja. Tudo deve ser considerado como centrado em Cristo. A serpente de bronze, o maná, o Cordeiro pascal, a coluna luminosa, a fonte borbulhante são aplicados ao Cristo, tendo por fundamento texto decisivo de [[ate-agostinho:paulo:start|Paulo Apóstolo]]: "Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos [[philokalia:philokalia-termos:pais:start|pais]] estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés, e todos comeram do mesmo alimento espiritual; e beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os acompanhava; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles; pelo que foram prostrados no deserto. Ora, estas coisas nos foram feitas para exemplo, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. (1Cor 10:1-6) Assim Gregório de Nissa em conformidade com a tradição comum da Igreja, segue o mesmo método de interpretação do Êxodo. A travessia do Mar Vermelho é a figura do Batismo e o Rochedo é o Cristo. Na interpretação do Tabernáculo, Gregório se refere diretamente à Epístola dos Hebreus: Dizemos portanto, nos valendo de Paulo Apóstolo que tratou deste mistério em parte e nas palavras de quem encontramos um ponto de partida, que Moisés foi instruído de antemão, em figura, do mistério do verdadeiro tabernáculo que contém todas as coisas, quer dizer o Cristo, Virtude e Sabedoria de Deus" (alusão a Hb IX, 11ss). A seguir excertos da tradução em português oferecida em S. Gregório de Nissa: A Vida de Moisés, incluindo seleções segundo alguns termos e noções chaves. - ANABASIS - KATARSIS - [[philokalia:philokalia-termos:kakia:start|kakia]] - [[philokalia:philokalia-termos:arete:start|arete]] - HERMENEIA - [[biblia:figuras:divindade:start|Divindade]] - PRIMEIRA TEOFANIA - SEGUNDA TEOFANIA - TERCEIRA TEOFANIA - MANDAMENTOS {{indexmenu>.#1|skipns=/^playground|^wiki/ nsonly}}